Título: Severino: ''Não nos engalfinhamos''
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 06/05/2005, Brasil, p. A3

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse ontem ter recebido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a garantia de que o número de medidas provisórias editadas pelo governo será reduzido. Com isso, será possível, de acordo com Severino, fazer a pauta deslanchar. Os dois concordaram em colocar em votação na semana que vem a proposta de emenda constitucional da reforma tributária, desde que a pauta, que está trancada por oito MPs, seja liberada.

- Lula está consciente de que só deve mandar MPs à Câmara quando houver realmente urgência e relevância, para não tumultuar a vida do Legislativo - afirmou Severino, após o café da manhã entre ambos.

O presidente da Câmara já se declarou em uma cruzada contra o que entende ser um excesso de medidas provisórias. Severino chegou a dizer que Lula provoca um virtual fechamento do Congresso Nacional, o que seria comparável aos ''sombrios tempos'' do regime militar. Também já ameaçou recusar, por conta própria, MPs que não atendessem aos critérios constitucionais de urgência e relevância.

De acordo com Severino Cavalcanti, o encontro foi parte de uma relação normal que deve existir entre o presidente da República e o presidente da Câmara.

- Nós não vamos ficar nos engalfinhando o tempo todo. Eu sou presidente da Câmara dos Deputados, e ele é da República. É normal existir um relacionamento entre líderes de dois poderes. Temos de estar juntos para o engrandecimento do país - afirmou.

A Reforma Tributária também tem sido um dos problemas entre o Executivo e o Legislativo. Falta acordo e Severino Cavalcanti já avisou que vai colocá-la em votação assim que as MPs destrancarem a pauta. Nos últimos dias, por exemplo, a causa deste tipo de atitude foi a falta de um acordo para a reforma tributária. Severino já avisou que vai colocá-la em votação assim que as MPs forem votadas. O Palácio do Planalto, então, está agilizando um acordo com a base, mas sabe que vai encontrar resistências por parte da oposição.

Ontem, Severino afirmou que não vai usar o seu poder de controle da pauta da Câmara contra interesses do Executivo.

- Vamos ter um tratamento de presidente para presidente. Não irei atravancar o desenvolvimento do País - afirmou.