Título: Homenagem a judeus marca 60 anos do fim da II Guerra
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 06/05/2005, Internacional, p. A14

Suásticas e pichações em muro, em Jerusalém, comparam Sharon a Hitler

Milhares de jovens judeus, líderes de governo e sobreviventes do Holocausto reuniram-se ontem no campo de concentração nazista mais conhecido da Segunda Guerra Mundial, Auschwitz, para participar da ''Marcha dos Vivos'' no Dia do Holocausto, que marca a capitulação, há 60 anos, do exército nazista derrotado pelos russos, em Berlim. Mais de 18 mil pessoas percorreram os três quilômetros entre Auschwitz e o campo de execução de Birkenau, onde ainda podem ser vistos restos de ossos e cinzas sob os destroços dos crematórios.

Entre os presentes, estava o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon.

- São vocês, jovens, que têm o dever de passar adiante a lição, a memória e as histórias para ressaltar a importância do Estado judeu - discursou o premier.

O Estado judeu foi estabelecido em parte da antiga Terra de Israel, após o fim da Guerra.

O complexo Auschwitz-Birkenau formava o maior campo da morte construído pelos nazistas da Alemanha na Polônia e foi o principal centro da política de Adolf Hitler de genocídio dos judeus da Europa. Cerca de 1 milhão de pessoas, a maioria judeus, morreram em câmaras de gás e foram queimadas em fornos crematórios nestes dois campos. Estima-se que, no total, 6 milhões de judeus tenham sido assassinados pelo regime nazista entre 1940 e 1945.

- Quero dizer adeus à minha mãe e à minha família. Suas sepulturas não estão aqui, mas suas cinzas estão - disse Katia Egett, uma judia húngara que passou um ano em Auschwitz.

Em Israel, o Dia do Holocausto foi lembrado com o soar das sirenes e uma paralisação geral de dois minutos. No Parlamento, os legisladores homenagearam algumas vítimas citando seus nomes.

No entanto, pichações de suásticas e frases comparando Sharon a Hitler também chamaram a atenção na homenagem às vítimas e soldados que lutaram contra o nazismo na Segunda Guerra. O protesto ocorreu na frente dos Arquivos Centrais Sionistas em Jerusalém, na rua do Museu do Holocausto.

- Só uma mente doentia poderia comparar o premier ao inimigo nazista no Dia do Holocausto - reagiu o ministro israelense Isaac Herzog. - Infelizmente, não há limites para a ignorância, a maldade e a falta de humanidade das pessoas de extrema direita. - acrescentou.

Sharon planeja acabar com os assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e desmantelar quatro colônias na Cisjordânia.