Título: Liberdade, 'a força mais poderosa'
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/05/2005, Internacional, p. A7

Bush exalta os que lutaram na II Guerra Mundial e chega a Moscou para a principal festa de aniversário do fim do conflito

MAASTRICHT - O presidente dos EUA, George Bush, afirmou ontem que ''não há força mais poderosa que a liberdade, e não há soldado que lute melhor quando o faz pela liberdade'', ao prestar homenagem aos que combateram na II Guerra Mundial.

O presidente participava de uma cerimônia em homenagem aos soldados americanos enterrados no cemitério de Margraten, na Holanda, nas celebrações pelo 60º aniversário do fim da guerra.

Bush comparou os que lutaram pela liberdade há 60 anos com os que buscam atualmente a democracia no Iraque, no Afeganistão, na Geórgia, na Ucrânia ou o Líbano.

- A liberdade é um direito de todos - assegurou o presidente, acompanhado por sua esposa, Laura Bush, a rainha Beatriz da Holanda e o primeiro-ministro Jan Peter Balkenende.

Cerca de 8 mil soldados americanos estão enterrados no cemitério de Margraten, que ainda se lembra com simpatia dos militares que ajudaram a libertar a Holanda em 1945. Os cidadãos se encarregam pessoalmente de cuidar dos túmulos.

Depois da cerimônia, Bush viajou a Moscou, onde se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin.

Em entrevista coletiva, a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, e o ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disseram que na conversa foi abordada uma ampla variedade de temas, entre eles a situação da democracia na Rússia e nos países do Leste europeu. Segundo Lavrov, ''não há assuntos proibidos'' entre Bush e Putin, que falaram de maneira ''aberta, amistosa, como parceiros''.

A situação da democracia na Rússia tinha sido motivo de atrito na reunião dos dois governantes em Bratislava em fevereiro. Além disso, em um discurso pronunciado no sábado, em Riga, Bush denunciou a ocupação pelos soviéticos da Europa central e oriental, incluindo os países bálticos, depois de 1945, como um dos ''piores males do século''.

Os dois presidentes falaram também do Oriente Médio e da necessidade de apoiar o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, após a retirada israelense de Gaza.

O Quarteto que supervisiona o processo de paz (EUA, Rússia, UE e ONU) se reúne amanhã em Moscou, em paralelo às comemorações do aniversário do fim da guerra.

Na presença de mais de 50 chefes de Estado e de governo convidados por Vladimir Putin, a Rússia comemora hoje, em grande estilo, os 60 anos da vitória sobre a Alemanha nazista.

Além de Bush, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e os dirigentes de França, Alemanha, Espanha, China e Japão são alguns dos convidados de honra do Kremlin, que procura com estas comemorações o reconhecimento mundial da contribuição decisiva da extinta URSS para a derrota do nazismo, o que lhe custou 27 milhões de vidas.

O ato central das celebrações da vitória, que na Rússia é chamada de Grande Guerra Pátria, reunirá dirigentes russos e estrangeiros na Praça Vermelha de Moscou, onde assistirão a um desfile militar.

Às 20h, toda a Rússia fará um minuto de silêncio em memória dos mortos. De noite, o céu de Moscou será iluminado por fogos de artifício e por 60 salvas de artilharia em lembrança da vitória.

Várias cerimônias foram realizadas ontem em toda a Europa para comemorar a capitulação nazista.

Em Berlim, centenas de pessoas caminharam até o Portão de Brandenburgo, onde foram celebradas cerimônias ''contra a extrema-direita e a intolerância''.

A vitória aliada foi festejada também em Paris e Londres. O presidente da França, Jacques Chirac, depositou flores no túmulo do soldado desconhecido no Arco do Triunfo.