Título: Quanto o destino não desafina
Autor: Ricardo Albuquerque
Fonte: Jornal do Brasil, 09/05/2005, Rio, p. A14

A história dos músicos que sofreram violência não é feita somente de tragédias e lágrimas. No dia 5 de abril, a trompa de Geraldo Costa, da OSN, reapareceu numa igreja evangélica graças à dica de um aluno de música. A tuba de Carlos Vega, 46 anos, foi o primeiro instrumento a reaparecer depois de um furto. - Apareceu no alto do Morro da Glória, graças ao conhecimento de um baterista com os moradores. Caso contrário, nunca mais eu o veria - admite.

Há dez anos, o trombonista Jorge Leite teve a sorte de recuperar o trombone, roubado próximo à Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, depois de um concerto. Por ironia do destino, a peça foi parar, em menos de 15 dias, nas mãos do seu vizinho de orquestra, o também trombonista Jessé Sadock.

- Ele me ligou e disse: vem buscar o seu trombone que eu acabei de comprá-lo - recorda.

Fato semelhante aconteceu com o professor de música da UFRJ e primeiro trombonista da OSN, Sérgio Luís de Jesus, 44 anos. Em 22 de novembro de 2003, saiu de uma confraternização na Aeronáutica, na Ilha do Governador, levando o trombone de um amigo. Ao chegar à Penha, foi rendido por por três homens, que levaram o carro com uma pequena orquestra na mala: trombone, baixo elétrico e material de bateria. Cinqüenta minutos depois, o Peugeot 405 apareceu na Rua Uranus, em Ramos, sem os instrumentos, avaliados em R$ 13,5 mil.

Em agosto de 2004, um sargento do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha ligou dizendo que comprara o trombone - o baixo e as peças de bateria nunca mais apareceram. A oboísta Magda Pompeu, em Icaraí, também teve sorte: há duas semanas encarou dois homens e não permitiu que seu oboé desaparecesse.