Título: Ciro admite que vai mudar domicílio eleitoral para o Rio
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Fonte: Jornal do Brasil, 10/05/2005, País, p. A5

Ministro evita comentar sua possível candidatura ao governo estadual

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, admitiu ontem transferir seu domicílio eleitoral para o Rio, cidade onde está radicado desde o início da década. No entanto, o ministro afirmou que a transferência de domicílio não significa que concorrerá ao governo do Estado na eleição do ano que vem, como vinha sendo cogitado após uma declaração no último dia 20. Em passagem por Teresina (PI), Ciro Gomes havia dito que estava ''pensando'' em se candidatar ao governo fluminense em 2006.

Agora, Ciro desconversou, apesar de, diante de muita insistência, admitir a transferência do domicílio eleitoral:

- Admito. É preciso só ver qual é a razão para isso - afirmou, para, em seguida, comentar a possível candidatura - Não corresponde. Não estou com o carro diante dos bois. Nunca fiz isso na vida.

A declaração, dada após uma palestra sobre projetos do ministério e a transposição do rio São Francisco, surge no momento em que começam a ser discutidas as candidaturas ao governo estadual. Nas últimas semanas, o ex-deputado federal Vladimir Palmeira se colocou como o pré-candidato do PT ao governo do Estado. Desde então, conseguiu o apoio de grande parte dos deputados federais e estaduais, além dos prefeitos do partido. Fugindo do fogo cruzado, Ciro Gomes jogou a decisão sobre seu nome no colo do governo federal:

- Será que está na minha altura fazer um bom trabalho no Rio? Não sei. Quero dizer o seguinte: qual é a minha tarefa? Carregar panfleto para Vladimir Palmeira. Então é o que vou fazer. Vou ajudar no que tiver ao meu alcance - garantiu.

O nome de Ciro era uma das maiores preocupações do PT no estado. Com sua força eleitoral e a condição de ministro, parlamentares petistas acreditavam numa possível interferência do governo para forçar o apoio a sua candidatura. Mesmo tirando o corpo fora do embate, o ministro pediu ajuda ao Rio, que ''é a cara do Brasil, para bem ou para mal''.

- Todo mundo que puder, que tiver alguma responsabilidade, tem que ajudar. Tenho que ajudar também. Agora, isso quer dizer candidato a governador? Não. Isso é uma coisa muito alta. Já fui governador do meu Estado.

O ministro, que é filiado ao PPS e tem domicílio eleitoral em Fortaleza, afirmou que, antes de decidir o que fará, quer conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva:

- Posso ir, eventualmente, para outro partido. Esse outro partido pode ser, eventualmente, o PSB. Mas isso é a conclusão de uma dinâmica, que envolve conversar com o presidente da República, com quem tenho deveres éticos e funcionais, e com o conjunto de companheiros que comigo trabalham na política.

Ciro disse ouvir com ''muito respeito'' quando fala-se de sua militância política no Rio.

- O Rio tem uma gente maravilhosa, oportunidades. É capaz de encantar o mundo. Agora, a sensação que se tem é que é para o mal. A sensação das pessoas, justa ou injusta, é de que nada funciona aqui. A segurança não funciona, a saúde não funciona, para pegar os últimos episódios - disse.

Ciro alfinetou a declaração de Vladimir Palmeira de que, em 2006, o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), representará a direita e o senador Sérgio Cabral (PMDB), o populismo.

- Essas classificações: esquerda, direita, centro, aquilo, aquilo outro, existem para os sociólogos analisarem. A população do Rio não está procurando rótulo. Quer alguém que assuma a responsabilidade de fazer as coisas funcionarem.

Com Folhapress