Título: Mercosul assina acordo com países do Golfo
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 11/05/2005, País, p. A4
Documento formaliza interesse em parcerias econômicas
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, assinou ontem pela manhã o Acordo-Quadro de Cooperação Econômica entre Mercosul e o Conselho de Cooperação do Golfo. O documento formaliza o interesse dos dois blocos em parcerias nas áreas econômica, comercial, técnica e de investimentos.
- É um grande e pioneiro acordo. Muitos países querem assinar parcerias com o Golfo, por motivos óbvios, e o Mercosul é o primeiro a fazê-lo - afirmou o ministro.
Amorim disse acreditar que os países do Golfo - Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Kuwait, Iêmem e Omã - firmaram o acordo pois o Mercosul é uma união aduaneira, com tarifas comuns negociáveis.
Se as negociações dos blocos se mostraram promessa de bons negócios para o Brasil, a Feira de Investimentos, que acontece em paralelo à Cúpula, enfrentou mais um dia de esvaziamento.
O que era para ser um ponto de encontro de empresários, acabou se transformando em cartão de apresentação de nações. Pouco mais de 50 pessoas passeavam pelos stands, a maioria funcionários de embaixadas e do Itamaraty. Das cinco salas reservadas no Centro de Convenções Ulisses Guimarães para apresentação de propostas de investimentos, apenas três tinham quorum, e mesmo assim muito baixo, entre 10 e 30 participantes.
Mesmo com os corredores vazios, árabes e latino-americanos viram a iniciativa brasileira com bons olhos. Charbel Haddad, presidente da Câmara Brasil-Líbano, disse que tanto a Cúpula de chefes de Estado e governo, como a Feira de Investimentos, puderam aproximar o conhecimento do brasileiro, que é um primeiro passo para o investidor.
- Não se investe naquilo que não se conhece. O Líbano tem US$ 3 trilhões para investir, em função de negócios desfeitos, e o Brasil se mostrou um país sério que merece mais atenção da nossa parte - afirmou.
Haddad disse que seus ''irmãos de pátria'' tinham uma visão equivocada da situação brasileira, que só pôde ser modificada com a visita.
- Esta é uma primeira aproximação. Eles conheciam do Brasil apenas futebol e carnaval. Agora, puderam ver que é um país sério e que pode ser atraente nos negócios. E o melhor: que está aberto para tomar mercados de quem desfez negócios com o Líbano - disse.
Hoje, as exportações brasileiras participam de pouco menos de 5% dos US$ 10 bilhões importados anualmente pelo Líbano. Na lista de compras daquele país estão café, carne, frango, madeira e produtos odontológicos.