Título: Grevistas cercam Gil
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 11/05/2005, Rio, p. A15

Servidores, parados há 1 mês, pedem reajuste salarial

Funcionários da área da cultura que estão em greve desde o dia 4 de abril cercaram o carro do ministro da Cultura, Gilberto Gil, ontem à tarde, quando ele saía do Palácio Gustavo Capanema, sede do ministério no Centro do Rio. Gil chegou a descer do veículo mas entrou num táxi e prometeu aos cerca de 300 grevistas que voltaria mais tarde. Horas depois, retornou ao palácio e mandou os manifestantes protestarem em frente ao Ministério do Planejamento, que tem o poder para decidir sobre o reajuste salarial e o plano de carreira reivindicados pela categoria. A diretora da Associação dos Servidores da Funarte, Cássia Mello, afirmou que a categoria não tem aumento salarial há dez anos. A greve iniciada há mais de um mês começou depois que o governo federal deixou de cumprir um acordo. Segundo ela, o teto do vencimento básico para funcionários do Ministério da Cultura ou de órgãos vinculados ao MinC que têm títulos de mestre ou doutor é de R$ 565. Os funcionários da Casa de Ruy Barbosa, entretanto, recebem R$ 2.400 desde 1997.

- Nossa proposta é uma tabela emergencial que iguale os vencimentos básicos dos trabalhadores da Cultura com os da Casa de Ruy Barbosa. Nada justifica essa diferença - reclamou a diretora.

Quando Gil desceu do carro pela primeira vez ele chegou a ser aplaudido pelos manifestantes, que pensaram que o ministro iria discursar. Quando voltou, entretanto, Gil acabou desistindo do diálogo e foi para seu gabinete. O clima ficou tenso e o ministro deixou o local da manifestação sob gritos de protesto. Gil, no entanto, disse ser solidário às reivindicações dos servidores e afirmou que ele também reclama verbas ao governo.

- O Estado indica, nomeia, designa o Ministério do Planejamento como instância adequada e competente para essas negociações com vocês. Não é o Ministério da Cultura. O que o ministério tem feito, na medida de sua possibilidade, é a intermediação política - declarou Gil.

O ministro tem reclamado da falta de verbas para sua pasta. Na semana passada, Gil se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o corte de verbas de 57% que sua pasta sofreu. Segundo o secretário-executivo do ministério, Juca Ferreira, os recursos não são suficientes sequer para a manutenção das despesas fixas e empenhos de 2004.

Para Cássia, a proposta do Planejamento, de reajustes de 70%, 60% e 55% sobre o vencimento básico para servidores de nível superior, secundário e auxiliares, respectivamente, é ''indecorosa''.

Os servidores decidiram realizar uma nova reunião amanhã, para avaliar a oferta de gratificações salariais que variam de 49% a 76%, válidas a partir de janeiro de 2006.

Com Folhapress