Título: Novo bloco na América do Sul
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 11/05/2005, Economia & Negócios, p. A19

Petrosul discutirá produção de energia

Os ministros da área de energia do Brasil, Argentina e Venezuela acertaram ontem as diretrizes para a criação do Petrosul, um comitê permanente para discussões de integração do setor na região. Apesar do nome, o comitê não discutirá apenas assuntos ligados ao petróleo, mas a toda a área de energia. - Estarão sendo discutidos assuntos como combustíveis, eletricidade, eficiência energética e cooperação tecnológica - explicou a ministra Dilma Rousseff.

Ela ressaltou que a iniciativa é política, mas que pode promover parceria entre empresas dos países.

- Estamos mais para Opep do que para uma empresa - disse a ministra.

A ministra citou, como exemplo da integração que poderá ser feita entre os países, a visita de empresários brasileiros do setor de construção naval fizeram à Venezuela.

- Desta forma poderão ser firmados contratos em que os países da região terão prioridade no fornecimento de materiais e serviços - citou ela.

As reuniões do Petrosul acontecerão duas vezes por ano, mas encontros extraordinárias poderão ser marcadas mensalmente. A coordenação do comitê será feita anualmente por cada um dos ministros: Dilma Rousseff, Rafael Ramírez, da Venezuela, e Carlos Arboleda, da Argentina. De acordo com Dilma, o primeiro coordenador do grupo deverá ser Arboleda, já que usou-se o critério de ordem alfabética dos países. Dilma, que participou do 17º Fórum Nacional, no Rio, apresentou alguns pontos que farão parte da Nova Lei do Gás. Entre eles está a criação de um operador nacional do gás e de uma câmara de comercialização do produto.

- É importante que haja um operador neutro, que possa garantir o bom funcionamento do mercado - defendeu a ministra. Ela, no entanto, não quis detalhar o projeto do governo, nem deu prazo para a sua conclusão.

Em relação à mudança na Lei de Hidrocarbonetos da Bolívia, que aumentou a taxação das empresas estrangeiras que exploram gás e petróleo no país, Dilma disse que vê o assunto com muita preocupação.

- A lei desestimula os investimentos na Bolívia. Tínhamos vários projetos, como o pólo gás-químico e a perspectiva de participar do gasoduto que sairia do noroeste da Argentina até a Bolívia. Agora todos estes projetos estão recuados. A taxação pode ultrapassar 50% - avaliou a ministra, lembrando que o governo brasileiro já sinalizou que os investimentos poderão se tornar inviáveis.