Título: Dez propostas no páreo pela Varig
Autor: Léa de Luca
Fonte: Jornal do Brasil, 11/05/2005, Economia & Negócios, p. A21

Zylbersztajn garante que não demitirá funcionários. Em céu de brigadeiro, Gol lucra R$ 111 milhões

O presidente do conselho deadministração da Varig, David Zylbersztajn, afirmou ontem que a direção da empresa analisa propostas de dez investidores que até o momento demonstraram interesse em capitalizar a empresa aérea. Zylbersztajn, que não detalhou o conteúdo dos projetos apresentados, garantiu ainda que a Fundação Ruben Berta, controladora da Varig, está excluída do processo de decisão e que a escolha do novo investidor caberá exclusivamente aos conselheiros da companhia.

Ontem, Zylbersztajn, o presidente da Varig, Henrique Neves, e outros conselheiros, se reuniram com o vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, em Brasília, para discutir a situação da empresa, que fechou 2004 com patrimônio líquido negativo de R$ 6,4 bilhões.

Uma nova reunião ocorrerá na semana que vem, mas o governo decidiu que terá dois representantes para acompanhar e analisar todas as propostas de compra que forem feitas à Varig. Um deles deve ser o diretor-geral do Departamento de Aviação Civil (DAC), brigadeiro Jorge Godinho, e o outro deve vir da área jurídica do Ministério da Defesa.

Apesar da urgência em encontrar um investidor, o presidente do conselho negou que estaria em avaliação um programa de demissão na empresa. Tranqüilizou também os credores de curto prazo ao garantir que não há nenhum risco operacional na transferência do controle da companhia.

Prova de que a empresa não quer abrir espaço para rumores de problemas operacionais foi o pagamento à vista, ontem, de R$ 1,3 milhão em taxas aeroportuárias para a Infraero, retomando o pagamento diário das taxas para ter direito a utilizar os aeroportos administrados pela estatal. Desde novembro, a Varig é obrigada a pagar diariamente o valor devido à Infraero, mas havia deixado de cumprir o acordo na última semana.

Para regularizar a situação e zerar os pagamentos que deixaram de ser efetuados, a Varig também passou para a Infraero um cheque R$ 9,1 milhões.

Enquanto a Varig procura solução para sair da crise, a Gol comemora mais um trimestre positivo. A empresa, que incorporou três novas aeronaves a sua frota, teve lucro líquido de R$ 111,255 milhões de janeiro a março, 63,7% a mais que em igual período de 2004.

O resultado da Gol foi mais que o dobro do lucro de R$ 53,3 milhões obtido pela TAM no mesmo período. A Gol, que recentemente superou a Varig no segundo lugar do ranking de vôos domésticos, viu a receita líquida subir 36%, para R$ 589 milhões no trimestre.

Com Folhapress