Título: Inflação do DF se reduz
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 11/05/2005, Brasília, p. D3

Mesmo assim, no acumulado supera a média nacional

A inflação no Distrito Federal, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), ficou em 0,46% em abril, apresentando um recuo de 0,12 ponto percentual em relação a março desse ano, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Já o IPC nacional ficou em 9,88%, no mês passado. No acumulado de doze meses, a inflação no DF chegou a 7,81%, acima da meta de inflação de 5,1% estabelecida pelo Governo Federal para 2005. Segundo o coordenador da FGV/DF, Jandir Feitosa, é devido ao desaquecimento da economia que a inflação vem apresentando redução nos últimos três meses.

- A política do governo de subir os juros faz com que as pessoas peçam menos crédito e reduzam o consumo, daí decorrendo a queda na inflação - explica Feitosa.

Os produtos que pressionaram a inflação e estão acima da média de 0,46% são: vestuário (2,02%), alimentação (1,69%), habitação (0,74%) e saúde e cuidados pessoais (0,69%).

- A alta no vestuário se deve à mudança de estação. Os preços sobem nesse período, com a renovação das coleções - lembra Feitosa.

Já a alta nos gastos com alimentação é explicada por problemas climáticos no País que prejudicaram a produção de hortigranjeiros. Os maiores gastos com habitação resultam dos reajustes das tarifas de água, luz, telefone, Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e móveis. No item saúde, os brasilienses passaram a pagar mais por medicamentos, com alta de 1,89%, e também por médicos (1,42%) e plano de saúde (0,93%).

No grupo de alimentação, as os produtos que ficam mais caros foram do açúcar cristal (8,34%), leite longa vida (5,28%) e pão francês (1,12%). Mesmo com aumento dos preços de produtos alimentícios, no DF gasta-se menos da renda com alimentação do que no resto do país. O peso desses produtos na renda dos brasilienses é de 20,2%, contra 27,6% registrado no resultado nacional. Em compensação, os brasilienses investem mais em educação, representando 15,7% dos gastos das famílias, contra 8,8% da média nacional. As famílias do DF gastam mais também com transportes (12,39%), contra 11,6% do resultado nacional, e vestuário, com 6,1% da renda, em contraste com 5,3% dos gastos dos demais brasileiros.

- Brasília tem uma renda per capita mais alta e por isso a tendência é direcionar suas cesta para produtos mais caros - explica Feitosa.

Queda --Os grupos que ficaram abaixo da inflação são educação, leitura e recreação, com queda de 0,45%, e transportes, com 2,03%. Segundo Feitosa, o recuo no preço dos transportes, que vinha apresentado alta no primeiro trimestre do ano, foi devido a queda nos preços internacionais do petróleo e baixa no dólar.

- Esse resultado provocou queda nos preços do combustível na bomba. Mas mesmo assim, o grupo transportes está elevado no acumulado de 12 meses, registrando 7,63% - registra Feitosa.

Já o recuo nos gastos do grupo educação, leitura e recreação é devido ao término do período de matrículas e compra de materiais escolares. Outro item desse grupo que apresentou queda foram as passagens aéreas (6,70%).

O IPC/DF da FGV abrange os gastos de famílias com renda de um a 33 salários mínimos e tem como base a pesquisa de preços de 460 produtos.