Título: Autoridade Palestina defende Hammas
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 12/05/2005, País, p. A3

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou ontem ter esperanças e que o plano de paz ¿Mapa do Caminho¿ destinado à convivência dos Estados palestino e israelense possa progredir, com o apoio dos Estados Unidos, dos países que com ele formam o ¿quarteto¿ (Rússia, Alemanha e França), e ainda com o apoio do Brasil e dos demais países da América do Sul. Depois de afirmar que Israel tem de dar ¿mostras de uma vontade real de cooperar¿, ele criticou as declarações do chanceler israelense Silvam Shalom de que seria cancelada a retirada dos colonos judeus da Faixa de Gaza, caso o grupo extremista Hammas ganhe as eleições na Palestina, marcadas para julho.

¿ Os palestinos estão num período de calma há quatro meses e a idéia é nos dirigirmos para a área política. O passado chegou ao final. Olhamos agora para o futuro, para a convivência dos dois Estados. É isso que buscamos e lá vamos chegar. Acreditamos na paz ¿ afirmou Abbas.

Segundo o presidente da ANP, as ameaças vindas de Israel, na hipótese de uma vitória do Hammas nas eleições de julho, não são democráticas.

¿ Acreditamos na democracia, que não é uma opção que se possa lidar aos pedaços. Quem ganhar as eleições representará o povo palestino, e sua vontade tem de ser respeitada. O compromisso da ANP é com a democracia, cujo caminho começamos a trilhar. E o povo palestino quer democracia.

Abbas admitiu ser impossível descartar eventuais atentados terroristas no processo de paz, assim como em quanto tempo será possível construir o Estado palestino.

¿ Nos últimos quatro anos, Israel acabou com toda a estrutura que tínhamos. Estamos começando do zero. A comunidade árabe pode ajudar muito, mas qualquer ajuda será bem recebida, venha de onde venha. O Iraque está sofrendo como nós sofremos. Os iraquianos fizeram eleições e têm um novo governo. Esperamos que lá e na Palestina tudo volte à normalidade ¿ concluiu o presidente da ANP, depois de elogiar a ¿Declaração de Brasília¿ e a iniciativa do presidente Lula de realizar a Cúpula América do Sul-Países Árabes.