Título: Israelitas criticam carta
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 12/05/2005, País, p. A3

Quatorze entidades judaicas divulgaram na tarde de ontem manifesto condenando a declaração do chanceler Celso Amorim de que ¿cada um teria a leitura que quisesse¿ da Carta Brasília na parte sobre as ocupações de territórios palestinos por Israel. O documento considerou a declaração final da Cúpula América do Sul-Países Árabes uma tentativa de atribuir a um só país e a um só povo a responsabilidade por um conflito que se arrasta há séculos na região. Ressaltando o repúdio ao terror, o manifesto das entidades israelenses condenou o tópico terrorismo da Carta Brasília. Segundo ele, o tema dá respaldo para que ¿movimentos armados que buscam atingir civis¿ continuem acontecendo no Oriente Médio. ¿Pura balela: terrorismo é terrorismo, é crime contra a humanidade. Este crime não deixa de existir quando tentam adjetivar seu nome¿, destaca o texto.

O tópico, ocupação militar de territórios estrangeiros condenado pelos 33 chefes de Estado e de governo, também foi alvo de críticas das 14 entidades judaicas. Segundo a declaração, Iraque, Líbano e Síria não poderiam assinar documento que condena tal prática.

A declaração de repúdio também questionou a ausência das palavras ¿democracia, direitos humanos, e direitos das mulheres¿, desrespeitado por muitas nações que participaram da cúpula¿.

Ao todo, assinam o manifesto a Confederação Israelita do Brasil (Conib); a Associação Cultural Israelita de Brasília (Acib); a Associação Israelita Catarinense (AIC); a Federação Israelita do Estado de Minas Gerais (Fisemg); a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp).