Título: Principais pontos
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 12/05/2005, País, p. A3

ANTIAMERICANISMO

Em seu conjunto, texto faz uma condenação ao unilateralismo associado aos EUA, país que recebe uma crítica explícita (na questão das sanções à Síria) e defende o pluralismo. Não se espera uma reação concreta dos EUA, mas esse tipo de declaração não é esquecida

QUESTÃO PALESTINA Tanto em discurso como em textos, a visão que prevaleceu foi contrária à ocupação israelense dos territórios palestinos. Até aí, nenhuma novidade, já que é a posição histórica dos envolvidos. Embora a imagem de mediador possa ajudar o Brasil que busca uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, sabe-se que esse papel está restrito aos EUA, Europa e aos próprios árabes.

TERRORISMO A prática foi condenada, mas um parágrafo a pedido dos árabes dá aos povos sob ocupação justificativa para reagir. Isso foi confundido como uma defesa do terror. O texto pode ser interpretado como mais uma provocação aos EUA. Passaria batido não fossem as declarações pouco objetivas de Celso Amorim (¿Cada um entende o que quer¿).

ARGENTINA No meio de mais uma rixa com o Brasil, o presidente argentino, Néstor Kirchner, veio à cúpula. Após reunião com Lula na véspera, participou da abertura e foi embora antecipadamente. Os dois governos garantem que o encontro serviu para aparar arestas, mas afirma-se também que o Brasil novamente deu palco para um estrelismo de Kirchner. Na prática, a briga entre os dois países continua

REPRESENTATIVIDADE Apenas 8 dos 17 chefes de Estado ou governo árabes vieram, e nenhum deles de grande peso econômico. Politicamente importantes, só Abbas e Talabani. Dos vizinhos sul-americanos, vieram mais. O evento em si foi importante e pioneiro, mas claramente esvaziado

ACORDO Foi assinado um acordo-quadro entre o Mercosul e os países do Golfo Pérsico que prevê estudos para eventuais ajustes tarifários com fins de liberalizar o comércio entre as duas regiões . Pode até facilitar algum negócio para o Brasil, mas nosso foco está em outros mercados

PETRÓLEO Num evento paralelo à cúpula, Brasil, Argentina e Venezuela anunciaram que uma certa Petrosul tomará conta de projetos conjuntos na área de petróleo no continente. A decisão pode facilitar negócios como a refinaria no Nordeste, mas não se deve pensar em união entre Petrobras e PDVSA

FLUXO COMERCIAL No fórum empresarial, o governo brasileiro disse que as oportunidades abertas poderiam dobrar as exportações para a região em três anos, chegando a US$ 15 bilhões. Novo mercado é sempre bom, mas, mesmo que chegue a US$ 15 bilhões anuais, isso vai representar cerca de 10% das exportações brasileiras