Título: Aldo: ''PT precisa ceder espaços''
Autor: Daniel Pereira e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 12/05/2005, País, p. A7
Prestes a deixar o cargo de coordenador político do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Aldo Rebelo fez sua mais incisiva crítica ao PT e à divisão desigual de forças entre os partidos aliados. As declarações servem de resposta ao ministro da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, que declarou no início da semana que a coordenação política deveria estar sob a tutela do PT.
- A colocação de Gushiken é legítima, embora alguém possa dizer que é exótico um ministro comentando a função do outro.
Rebelo argumentou que o governo precisa dividir os ministérios entre os partidos aliados para garantir votos suficientes para aprovar projetos de interesse do Executivo.
- Não é um ministério do PT que vai resolver o problema político da base. Ao contrário. O partido precisa ceder espaços aos aliados. O governo precisa de sustentação, combinando uma base heterogênea porque não há outra forma de se governar o Brasil. O PT não tem voto para fazer maioria, nem na Câmara, nem no Senado, e não há outro caminho dentro da democracia a não ser abrir espaço para a participação de partidos aliados no governo.
Aldo Rebelo já colocou o cargo à disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta semana, o ministro conversou novamente com Lula sobre sua situação e pode deixar o governo a qualquer momento.
Em defesa de Aldo Rebelo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atacou o governo e disse que, se não houver mudanças no modelo de coordenação o governo sofrerá derrotas consecutivas no Congresso.
- É uma humilhação o que estão fazendo com o ministro Aldo. Ele é, inegavelmente, um dos mais competentes ministros do governo. O modelo de coordenação política é que está agonizando. Se o modelo perdurar, o governo continuará na iminência de perder todas as votações de seu interesse.
Calheiros argumentou também que, ao contrário do que defende Gushiken, a Coordenação Política não pode ficar nas mãos do partido do governo.
- Como colocar alguém partidário e não isento para discutir e negociar por uma coalizão. Não dá - concluiu.