Título: Tarifas voltam a pressionar inflação
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 12/05/2005, Economia & negócios, p. A21

Preços de ônibus, remédios e energia puxam IPCA, que avançou de 0,61% para 0,87% entre março e abril

Sob influência das tarifas públicas, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 0,61% em março para 0,87% em abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, a inflação acumulada no ano, de 2,68%, supera a dos primeiros quatro meses de 2004, quando fechou em 2,33%. Entre janeiro e abril, a alta já equivale a mais da metade da meta perseguida pelo Banco Central, de 5,1%, e compromete, inclusive, o teto de 7%. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula 8,07%, superior aos 12 meses imediatamente anteriores (7,54%).

O resultado acumulado até abril volta a aumentar a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve na semana que vem, pela nono mês consecutivo, a taxa básica de juros da economia, atualmente em 19,5% ao ano, como tentativa de conter a inflação.

Os preços administrados pelo governo responderam por mais de 40% da inflação de abril. Tarifas de ônibus e remédios foram os itens que mais pressionaram o IPCA. Os medicamentos ficaram 3,26% mais caros, enquanto os ônibus apresentaram alta de 2,57%, mesmo depois de um salto de 5,02% em março. Segundo o IBGE, os dois itens, juntos, responderam por quase um terço do IPCA de abril.

As contas de energia elétrica também tiveram expressiva participação (0,10 ponto percentual) no índice do mês, com aumentos em Belo Horizonte (12,37%); Porto Alegre (8,67%); Goiânia (4,99%); Fortaleza (4,81%) e Salvador (4,63%).

''Além dos reajustes contratuais anuais, o item energia concentrou também aumentos na alíquota ICMS incidente sobre as tarifas e reajuste no valor da taxa de iluminação pública'', informou o IBGE.

Outra fonte de pressão veio dos preços dos alimentos, que quadriplicaram em abril, de 0,26% para 0,81%. A inflação rondou sobretudo os produtos básicos, que mais pesam no orçamento das famílias, como o leite, que encareceu 4,5%, o pão (2,1%), o açúcar (5%) e o feijão (5,6%).

Já a alta da gasolina de 0,42% é atribuída, principalmente, a reajustes em Porto Alegre (6,22%) e Goiânia (4,06%). O álcool, cuja variação foi de 0,51%, foi pressionado por variações em Porto Alegre (6,98%), Goiânia (4,27%) e na região metropolitana de Curitiba (5,28%).

Segundo o IBGE, o gás de cozinha (0,20%) refletiu, basicamente, altas verificadas em Salvador (2,39%) e Porto Alegre (2,02%).

Entre as 11 regiões metropolitanas pesquisadas, a maior taxa foi de Porto Alegre (1,87%), enquanto o menor índice foi registrado em Salvador (0,22%). A alta dos preços ficou acima da média no Rio (1,07%) e abaixo em São Paulo (0,73%).