Título: Comando do PFL convoca distritais para unir discurso
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 12/05/2005, Brasília, p. D1

A partir de agora, votos oposicionistas serão discutidos previamente com Executiva

O PFL tenta afinar o discurso. Em um rápido encontro no início da noite de ontem, no Kubitschek Plaza, as bancadas federal e distrital do partido discutiram a polêmica votação da última quinta-feira na Câmara Legislativa, quando os três pefelistas da Casa votaram contra um projeto do GDF que pedia autorização para que o BRB injetasse R$ 20 milhões na usina de Corumbá 4. As explicações dos distritais, segundo participantes da reunião, foram aceitas. Mas os parlamentares decidiram que, a partir de agora, todos os projetos que vão de encontro aos interesses do governador passarão pelo crivo da Executiva do partido. Estiveram no hotel os distritais Leonardo Prudente, Eliana Pedrosa, Agrício Braga e Fábio Barcellos, presidente da Casa, além dos deputados federais Osório Adriano e José Roberto Arruda, o secretário de Desenvolvimento Tecnológico, Izalci Lucas, e o senador Paulo Octávio, presidente do PFL-DF.

- Fomos tentar entender o que aconteceu, pois somos governo e somos cobrados. Mas a questão está superada. A explicação foi razoável - afirmou Izalci. Aliado de Arruda, que disputa com Paulo Octávio a indicação do partido como candidato ao GDF, Izalci foi um dos signatários de um manifesto divulgado na segunda-feira repudiando a atitude dos colegas.

Paulo Octávio conta que foi consensual no encontro a posição de que o processo teria sido mal conduzido.

- Esperamos que não haja mais desentendimentos desse tipo. Se for para votar contra o governo, eu e a Executiva devemos ser comunicados para não haver desgaste - disse o senador. Além de irritar o governador, o episódio culminou com a demissão espontânea do secretário de Saúde, José Geraldo Maciel (indicado pelos distritais), e do administrador do Gama, Cícero Neildo Furtado. Everardo Ribeiro, administrador do Paranoá, também colocou o cargo à disposição.

A expectativa sobre a reconciliação dos rebeldes com o Buriti fica por conta do encontro entre Barcellos e o governador Joaquim Roriz, do qual também deve participar Eliana Pedrosa, mas ainda não marcado.

A nova crise na base governista entrou na pauta de ontem da Câmara Legislativa, com rebeldes e peemedebistas batendo boca em plenário. Pedrosa leu discurso de duas páginas, afirmando que votou segundo sua ''convicção'' e que ''jamais usou o voto como moeda''.

- O problema é que o PFL tem dois candidatos (ao Palácio do Buriti), senão fosse isso não estaria essa discussão toda - disse a deputada, referindo-se a Paulo Octávio e a Arruda, pré-candidatos ao GDF. A distrital reafirmou que votou contra o projeto do BRB porque a diretoria do banco não mandou a documentação necessária.

- Eu me recuso a acreditar que qualquer partido com representação nesta Casa aceite a coleira que pretendem colocar hoje nos deputados do PFL''.

Apesar do discurso conciliador que havia feito minutos antes de Eliana usar a tribuna, a líder do governo Anilcéia Machado (PMDB) afirmou que o grupo dos seis entrou no plenário na quinta-feira última com o objetivo de derrotar o governo - ''aliados assim, é difícil tê-los''. No entanto, a distrital defendeu a continuidade das conversas dentro da base para unir novamente os deputados.

- Considero um incidente o que aconteceu na última quinta-feira, mas não dá para ficarmos discutindo mais isso, queremos a unidade da bancada - disse a líder.

O deputado Odilon Aires pegou carona no debate e ironizou:

- Por que estamos discutindo novamente matéria votada e comemorada em plenário? É preciso saber se estão seguindo o Blue Tree ou o Buriti - disse, fazendo referência a um dos hotéis do grupoPaulo Octávio.