Título: Reunião para contornar crise
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Fonte: Jornal do Brasil, 14/05/2005, País, p. A4
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anda irritado com a pressão do PT, diz que quem decide sobre o destino do ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, é ele, e tenta diminuir o calor das discussões em torno da articulação com o Congresso. Mesmo assim a queda-de-braço entre petistas e os demais aliados da bancada governista persiste.
Para tentar contornar a crise, o presidente convocou para a próxima quarta-feira uma reunião com todos os integrantes da Mesa Diretora da Câmara e os líderes dos partidos governistas e de oposição para discutir a pauta de votações. Com esse encontro, Lula espera colocar um ponto final na crise com o Congresso que se arrasta desde o início do ano.
Depois de, nos últimos dias, as mais expressivas lideranças petistas reivindicarem para o partido a vaga de Aldo, ontem foi a vez dos partidários do ministro saírem do limbo para defender a sua permanência na função de articulador político do governo. Durante solenidade da assinatura de contratos de patrocínio do atletismo e do esporte paraolímpico, no Palácio do Planalto, que também contou com a presença do presidente Lula, o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, defendeu seu colega de partido:
- Ele tem toda a confiança do presidente da República e isso é que é importante. Não vou me guiar por opinião de terceiros - disse Agnelo.
Indagado sobre declarações do ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação, de que a situação exigiria a nomeação de um petista na Coordenação Política, Agnelo ressaltou que a atribuição de demitir ou nomear caberia exclusivamente a Lula.
- Quem fala de ministério e de ministro é o presidente da República. Quem fala sobre colocar ministro e tirar ministro é só uma pessoa: o presidente da República - afirmou.
Ontem, em São Paulo, ao ser questionado sobre o processo de desgaste a que tem sido submetido o Aldo disse: ''Não me sinto fritado porque não sou peixe''. Indagado se pediu demissão na semana passada, o ministro respondeu:
- Não posso dizer que pedi ou deixei de pedir demissão, porque isso um ministro do Estado não deve fazer. Um ministro de Estado deve sim cumprir o seu papel e a decisão de mantê-lo ou tirá-lo é do presidente. Fica pretensioso dizer que pediu ou não demissão - disse.