Título: Anistia adverte que tortura continua
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Fonte: Jornal do Brasil, 14/05/2005, Internacional, p. A8

Presos iraquianos e afegãos em risco

LONDRES - Os presos mantidos sob a guarda dos Estados Unidos no Iraque, no Afeganistão e na base de Guantánamo (Cuba) continuam sob a ameaça de sofrerem tortura e maus-tratos, indicou ontem o grupo Anistia Internacional.

Um ano depois do escândalo na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, quando soldados americanos se fotografaram torturando detentos, grupos de defesa dos direitos humanos alertam que o governo dos EUA continua desrespeitando as leis internacionais.

- As condições que facilitam a tortura e o tratamento cruel, desumano e degradante, práticas proibidas, continuam a existir - afirmou um porta-voz da Anistia, acrescentando que os EUA ainda mantêm detentos em locais secretos e prendem pessoas sem informar sobre as detenções.

''A dignidade humana está sendo vítima da 'guerra contra o terrorismo' e do regime de interrogatórios. O governo americano não apenas rechaçou a lei internacional de direitos humanos, como também adotou uma postura de desrespeito a essa lei'', acusou a Anistia, em um relatório.

Segundo o grupo, a postura de Washington em relação às prisões é ''hipócrita''.

''Essas políticas e práticas criaram perigosos precedentes internacionais'', adverte o documento.

Em um relatório divulgado na semana passada, o Departamento de Estado americano disse obedecer às leis internacionais que proíbem a tortura e que os casos de abuso deflagrados no Iraque e no Afeganistão não são sistemáticos.

De acordo com a Anistia, apesar dos muitos indícios de que os soldados praticam tortura, apenas alguns militares de baixa patente foram punidos até agora.

''Enquanto aumenta a cultura de impunidade e leniência militar, o governo continua tentando julgar os 'inimigos' da guerra contra o terror longe das cortes civis'', aponta a organização.