Título: Horizonte sem definição
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 15/05/2005, País, p. A4

Resultados da Cúpula de Brasília dividem opinões de especialistas

Nenhum resultado foi mais evidente da Cúpula da América do Sul-Países Árabes que o debate em torno dos ganhos obtidos pelo Brasil como anfitrião e aspirante a uma posição de maior destaque no cenário internacional. A Carta de Brasília, com seu viés político, a agenda econômica e as discussões com a Argentina, entre outros pontos, dividiram profundamente opiniões. Para o ex-chanceler Mário Gibson Barbosa, o encontro não foi positivo para o Brasil.

A estratégia, de acordo com o ex-chanceler, foi ''prematura e com uma pitada de irreflexão'', ao importar o debate sobre o conflito entre Israel e os palestinos em um nível que o país ainda não saberia como lidar. A mesma questão, no entanto, é vista de forma diametralmente oposta pelo cientista político Eduardo Batista, para quem o ineditismo da cúpula a transformou em uma ''importante pedra na geografia desenhada por esse novo paradigma''.

Assim, os efeitos seriam percebidos dentro da ''crescente multipolaridade das relações internacionais''. Não eliminaria o poder unipolar dos EUA, mas o torna menos absoluto ''sinalizando para a importância de consultas e negociações''. Já para o pesquisador Flávio Leão Pinheiro, o Brasil encontrou nesse fórum justamente o atalho para superar os impasses na Alca e no Mercosul.