Título: Um dia para lutar contra a hepatite
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 15/05/2005, Brasília, p. D1

Versão C da doença, que pode ser fatal, passa despercebida

Entre 20 e 40 mil pessoas têm Hepatite C em Brasília. No País, a doença acomete de 2 a 5% da população, 3 a 8 milhões de pessoas. Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que são 170 milhões os portadores do vírus no mundo. Considerada pelos médicos uma epidemia silenciosa, a doença demora até 20 anos para se desenvolver e, geralmente, só é descoberta quando está em estado avançado. Hoje, Dia Nacional da Luta contra a Hepatite C, portadores da doença e autoridades no assunto realizarão movimentos visando conscientizar as pessoas para a gravidade, o alcance e a prevenção da hepatite. No Parque da Cidade, a organização não-governamental Grupo C, promoverá atividades orientando sobre os riscos da Hepatite C. - Há muita falta de informação sobre o assunto. Se as pessoas conhecessem os modos de transmissão e os riscos, teriam como se prevenir e, principalmente, fariam exames que poderiam detectar a doença antes que ela se manifestasse gravemente - diz o coordenador da Grupo C, Epaminondas Campos.

O coordenador do Programa de Hepatites Virais da Secretaria de Saúde do DF, Aíton Domício, considera que o dia de hoje poderia ser usado para um alerta às pessoas que receberam transfusão de sangue, antes de 1993, fazerem o teste de diagnóstico da hepatite. Até aquele ano não havia o teste que detectava contaminação.

- Os médicos perceberam que a maioria dos casos são de pessoas com histórico de transfusão. Estamos pedindo para essas pessoas fazerem o exame - afirma Domício.

Portadores de Hepatites C farão um protesto pela liberação de exames de biologia molecular pelo Sistema Único de Saúde. Segundo o coordenador da ONG Grupo C, o exame é necessário para medir a carga viral durante o tratamento.

- O exame é muito caro e sem ele os pacientes não têm como saber se o tratamento está dando resultado - explica Epaminondas.

O coordenador do Programa de Hepatites Virais da Secretaria de Saúde do DF garante que dentro de quatro meses o exame será disponibilizado para todos os pacientes em tratamento.

Doença invisível - O vírus da Hepatite C fica nos organismo por anos sem se manifestar. Causada por vírus, a doença ataca o fígado de forma lenta e silenciosa, podendo destruí-lo por meio de cirrose e câncer hepático. Mas nem todos têm a doença no mesmo grau.

A contaminação só é possível por meio do contato com sangue infectado. São fatores maiores de risco o compartilhamento de utensílios empregados para o uso de drogas injetáveis ou aspiradas e em acidentes com instrumentos cortantes. A contaminação sexual é possível, embora rara.

O diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Expedito Luna, alerta para o uso de alicates em salões de beleza.

- Para matar o vírus da hepatite, o alicate teria de ficar horas na estufa. Nos salões, eles deixam só alguns minutos. Há grande risco de contaminação. Todas as pessoas que fazem as unhas em salões de beleza devem ter seus próprios instrumentos - aconselha Luna.

Serviço

As pessoas interessadas em fazer o teste da hepatite C, devem procurar o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), na Rodoviária do Plano Piloto.