Título: Perigo na alimentação
Autor: Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 15/05/2005, Economia & Negócios, p. A17

O especialista em consumo Antônio Cesar de Carvalho, da Acomp Consultoria, explica que o perfil das cestas de compras das famílias brasileiras atravessa uma fase de transição.

- Apesar da alta na renda, a melhora ainda não é suficiente para manter elevado o consumo em itens básicos e supérfluos. Porém, com mais dinheiro no bolso, eles estão abrindo mão dos alimentos básicos, algo que sempre comem, para experimentar novos produtos justamente porque havia uma demanda reprimida. Se a renda continuar melhorando, haverá alta nos dois grupos de produtos - acredita Carvalho.

Ele lembra, porém, que é necessário cuidado com essa fase de transição na alimentação, já que o consumo excessivo de alimentos prontos, como macarrão instantâneo e suco em pó, por exemplo, pode causar problemas de saúde como a falta de vitaminas, levando a uma baixa imunidade.

Maria Andréa Ferreira, gerente de atendimento a clientes da Latin Panel, destaca que o crescimento nas vendas de alguns produtos está ligado à questão da praticidade. Assim, cresce o número de famílias que optam pela substituição de itens como massa seca por massa instantânea. O macarrão que demora apenas três minutos para ficar pronto teve alta de 13 pontos percentuais na participação na lista de compras dos brasileiros em relação ao início do ano passado. Já a massa fresca, que requer o preparo em casa, esteve presente em menos lares. O tombo foi de 4 pontos percentuais no mesmo período.

- Alimentos prontos não têm a mesma qualidade de refeições preparadas em casa. Mas a questão da praticidade e o preço são essenciais nestas categorias, além dos próprios lançamentos das indústrias, que contribuem para estimular o consumo - explica Andréa.

Outra categoria influenciada pela praticidade é a de sucos. Enquanto suco em pó obteve alta de 15 pontos percentuais nos lares, os sucos prontos, concentrados e à base de soja tiveram alta menor, entre 2 e 6 pontos.

O casal Luiz Felipe, de 21 anos, e Andrea Olimpio, de 29 anos, endossa os dados da pesquisa. Eles voltaram a consumir itens como iogurtes e produtos práticos.

- Senti que houve uma melhora na renda este ano - diz Luiz, sócio do bar Bukowski, em Botafogo.