Título: A outra ponta da articulação política
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/05/2005, País / Informe JB, p. A4
Lula pode nomear qualquer nome para a coordenação política ou até mesmo teimar em manter Aldo Rebelo no posto. Mas a prática acabará mostrando que passará pelo ministro José Dirceu grande parte do diálogo com o Congresso. Além de deter na Casa Civil a tarefa, atribuída a ele pelo presidente, de tocar projetos importantes da área da infra-estrutura, o ministro será peça principal na campanha pela reeleição. Ora, todo mundo sabe que o nascedouro de qualquer plano eleitoral é na Câmara e no Senado. Então, fica difícil imaginar que seja possível separar as coisas daqui para frente. Muitas negociações com partidos, governadores, grupos empresariais e sindicatos em torno de propostas acabam se interligando com a questão eleitoral.
A pauta de votações será alvo agora de uma reunião do próprio Lula com os líderes do Legislativo. Mas depois de reatado um diálogo mínimo, o chefe do Executivo precisa delegar a continuidade do processo a alguém. Por isso, até congressistas da oposição concordam que só Dirceu teria estatura para o posto. ''Ocorre que o Palácio só tem boca, não tem ouvidos'', alfineta um senador governista.