Título: Médico tratou de Zarqawi ferido
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/05/2005, Internacional, p. A7

Líder do grupo Al Qaeda no Iraque ''sangrava muito''

BAGDÁ - O jordaniano Abu Musab al Zarqawi, acusado pelos Estados Unidos de ser líder do braço da Al Qeada no Iraque, teria sido gravemente ferido na quarta-feira. Um médico do hospital de Al Qaim, contou ao jornal britânico Sunday Times ter tratado do terrorista mais procurado em território iraquiano, provavelmente ferido após a ofensiva americana à cidade, junto à fronteira com a Síria.

- Ele estava sangrando muito e seus acompanhantes estavam bem vestidos, de um jeito diferente dos feridos e famílias que nós tínhamos recebidos da ofensiva em Al Qaim - disse o médico, cuja identidade não foi revelada. Ele preferiu não comentar a natureza dos ferimentos.

O profissional afirma que tentou convencer o jordaniano a permanecer internado, mas seus seguidores o retiraram do local, quando foram informados de que o hospital teria que registrar o paciente, coletando nome e outras informações pessoais:

- Ele ficou muito nervoso e agitado. E se recusou a ficar. Os três homens que estavam junto me pediram educadamente para levá-lo do hospital imediatamente e, então, entreguei a eles uma receita e uma lista de medicamentos necessários para cuidar do ferimento.

O médico disse ter reconhecido Zarqawi graças a uma foto divulgada na TV. Outra evidência de que se tratava mesmo do número 1 da Al Qaeda no Iraque foi ter visto armamento pesado no carro dos seguranças, quando seguiu o paciente. Os rebeldes ameaçaram matá-lo se ele contasse o que acontecera e ofereceram-lhe um maço de notas de dólar, que o profissional garante ter recusado.

Moradores da cidade vizinha a Al Qaim, Ramadi, afirmam que médico foi detido por soldados americanos na sexta-feira, para interrogatório. Ontem, o Exército dos EUA, país que oferece uma recompensa de US$ 25 milhões pela captura de Zarqawi, confirmou que o terrorista foi visto na área de Al Qaim, mas não confirmou se havia sido ferido.

- Se estiver fora de combate, tanto melhor. Mas não temos evidência disso - reagiu o diretor de operações do Estado Maior Conjunto americano, James Conway.

No entanto, as declarações do médico foram sancionadas por uma alta autoridade de Bagdá, que esteve em Ramadi para investigar o paradeiro do líder da insurgência iraquiana.

Esta não é a primeira vez que surge a informação de que Zarqawi tenha sido ferido. O Exército dos EUA já investigava uma denúncia de que ele teria ido a um hospital de Ramadi em 27 ou 28 de abril. O jornal The Washington Post publicou em 5 de maio que o terrorista poderia estar gravemente machucado ou doente.

Durante seis dias, a fronteira do Iraque com a Síria foi palco da ''Operação Matador'', finalizada no sábado, e que tinha por objetivo exterminar focos insurgentes leais a Zarqawi. Segundo Conway, a área fronteiriça é um autêntico corredor de armas, dinheiro e os chamados ''combatentes estrangeiros'', geralmente árabes ou muçulmanos que querem se unir aos grupos rebeldes no Iraque.

De acordo com o Pentágono, durante a ''Operação Matador'', as tropas executaram 125 rebeldes e prenderam 39 ''de valor para a Inteligência''. Do lado americano, nove fuzileiros morreram e 40 ficaram feridos nos confrontos.