Título: Verissimo vence a timidez em prol da leitura
Autor: Alexandre Werneck
Fonte: Jornal do Brasil, 16/05/2005, Rio, p. A15

Facilmente indicável para qualquer lista de 10 mais tímidos do planeta, Luis Fernando Verissimo é a grande estrela da 12ª Bienal Internacional do Livro, que começou na quinta-feira e vai até domingo, no Riocentro, em Jacarepaguá. De sexta-feira até ontem, o escritor gaúcho, maior vendedor de livros do país, participou de seis mesas redondas e debates. Fez lotar todos eles. - Não sou muito bom nessa coisa de me relacionar com o público, mas qualquer coisa que seja feita para incentivar a leitura é boa - disse ele no estande da Objetiva, sua editora, simpático, mas falando baixinho, quase como se a pergunta do repórter fosse uma facada.

Não é muito bom para ele, mas para o público, é ótimo. A garotada que lê suas crônicas na escola forma rápido uma roda em torno dele. Ontem, para sair do Auditório Carlos Drummond de Andrade, depois de um debate sobre clássicos franceses (o primeiro do dia), teve que ser escoltado por seguranças. Dali foi para o Café Literário, para um debate com as escritoras Adriana Falcão e Heloisa Seixas. Diante do sofá em que se acomodavam os três e a mediadora, a jornalista Regina Zappa, garotada, muita garotada. A maioria com um livrinho de Veríssimo nas mãos, os olhos brilhando a ouvi-lo falar de Joseph Conrad e sua soturna obra maior, Coração de trevas. O Dia da França na Bienal acabou sendo o dia dele.

- Confesso que me sinto um pouco um peixe fora d' água em um dia da França. Não sou especialista em nada disso - disse ele. O gaúcho confessou, no debate sobre clássicos, em que fez uma apresentação primorosa - mas lida, coisa de tímido - sobre o escritor e filósofo francês Albert Camus, que leu pouco Victor Hugo.