Título: Bienal brilha em dia de sol
Autor: Alexandre Werneck
Fonte: Jornal do Brasil, 16/05/2005, Rio, p. A15

Mais de 57 mil pessoas visitaram o Riocentro no primeiro domingo da feira

O Dia da França na 12ª Bienal Internacional do Livro foi também o primeiro domingão do evento. Passaram pelo Riocentro, em Jacarepaguá, com sol e tudo, mais de 57 mil pessoas, o dia mais cheio da feira (no sábado foram 49,4 mil visitantes). Muitos estudantes, muitas famílias, muitos casaizinhos, muitos... professores de literatura francesa. Os eventos da programação especial dedicada ao país homenageado desta edição da feira ficaram quase todos lotados. - As perguntas feitas nos debates daixaram claro que o público que veio era de alto nível - disse Rosa Maria Barboza de Araújo, coordenadora da programação cultural da bienal.

O primeiro evento do dia, às 12h, juntou o jornalista francês Gilles Lapouge, que está lançando A missão das fronteiras (Globo), e o sociólogo parisiense Dominique Wolton (autor, entre outros, de Internet, e depois?, lançado pela Sulina) no Café Literário. Eles discutiram a manutenção da França como uma referência cultural para o Brasil. Ao mesmo tempo, acontecia no Imaginário do Autor, a conversa com Marie Darrieussecq, autora de Porcarias (Cia das Letras).

Às 13h, um debate sobre o interesse de autores franceses pelo Brasil a partir de narrativas de viagens reuniu o brasileiro Antônio Torres (colunista do JB), o francês Jean-Christophe Ruffin, autor de Vermelho Brasil (Objetiva) e José Eduardo Agualusa, que escreveu O ano em que Zumbi tomou o Rio (Gryphus).

Mas o primeiro grande momento de público foi às 14h, no Auditório Carlos Drummond de Andrade, quase lotado para ouvir o debate sobre clássicos franceses entre Marcelo Jacques de Moraes e Lígia Vassalo, professores de literatura da UFRJ, e os escritores Silviano Santiago e Luis Fernando Verissimo. Santiago não apareceu, mas o debate, vitaminado pela popularidade de Verissimo, foi um sucesso.

- Os escritores franceses são uma referência para qualquer escritor, principalmente Flaubert - disse Veríssimo.

Depois foi a vez do francês Martin Page ir ao Imaginário do autor para falar de seu livro Como me tornei estúpido (Rocco) e, em seguida, do debate sobre autores franceses contemporâneos, com os escritores David Foenkinos, Hafid Aggoune, Michel Butor e Savas Karyadakis. A programação foi fechada com uma homenagem ao filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre, às 18h, com análises de Deise Quintiliano (professora da UERJ) e Luiz Carlos Maciel (autor de Sartre - Vida e obra).

O francês Stephane Euet, que está adaptando Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, para quadrinhos, participou anteontem do Imaginário do Autor. Ontem ele passeou pela bienal e disse ter se sentido mergulhado em uma atmosfera francesa no Brasil.

- Mesmo antes de chegar à bienal, fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que falam francês muito bem e conhecem Proust - disse Euet ao JB.