Título: No DF, só 500 sabem que têm a hepatite C
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/05/2005, Brasília, p. D1

Número corresponde a menos de 5% das prováveis vítimas

Os atletas do Parque da Cidade que se exercitavam em nome da saúde, ontem de manhã, encontraram às margens da pista de cooper um alerta para o bem-estar. Duas faixas anunciavam o Dia Nacional da Luta contra a Hepatite C, mal silencioso e fatal que contamina entre 20 e 40 mil brasilienses e cerca de 5 milhões de brasileiros. Um chamado para que a população busque informações sobre a doença e façam o teste da doença. A principal finalidade da campanha, deflagrada ontem pela organização não-governamental Grupo C, é aumentar o contingente de pessoas conscientes de seu estado de saúde. Segundo a entidade, só 500 brasilienses - entre os 20 a 40 mil que seriam portadores do vírus da hepatite C - têm conhecimento sobre seu estado de saúde e buscaram tratamento. Ficam entre 2,5% e 5%. O diagnóstico precoce, de acordo com o presidente do Grupo C, Epaminondas Campos, é a chave para evitar a contaminação e os atenuar os efeitos devastadores da doença.

- A hepatite C é assintomática, de evolução muito lenta. Se o estado se tornar grave, a saída é entrar na fila para o transplante de fígado. Mas se for descoberta a tempo pode ser tratada com bons resultados - explica Campos.

Apesar do alerta, o movimento no quiosque montado para o Grupo C chegava timidamente, no início da manhã, mas a mensagem começava a surtir efeito. Às 10h30, cerca de 15 pessoas, todas portadores da doença, havia comparecido para buscar mais informações sobre a própria condição. Curioso, o contador Valder Ribeiro, também compareceu ao quiosque. Ele conta que, há poucos meses, um conhecido teve a doença confirmada e chegou a estar em estado grave. Assustado quis saber mais sobre a hepatite C.

- Nós somos jovens, fazemos exercícios para cuidar da nossa saúde mas temos de saber mais sobre as doenças que não se manifestam - diz.

Como Valder, várias pessoas pegaram os panfletos da campanha com informações sobre a doença. O Grupo C aproveitou a data para cobrar mais verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) para a aquisição de kits de teste para a hepatite C e B. Epaminondas afirma que os testes são caros e necessários para medir a carga viral durante o tratamento, que dura entre seis meses e um ano. Para quem suspeita ter contraído a doença, ele tem uma alternativa simples:

- Doar sangue. Ao fazer isso a pessoa recebe a sorologia completa de doenças, como HIV, hepatites e outras doenças virais - sugere.