Título: Rondônia: CPI sobre extorsão
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/05/2005, País, p. A4

Cinco deputados vão investigar denúncias

SÃO PAULO - A Assembléia Legislativa de Rondônia instalou ontem uma comissão, formada por cinco deputados, para investigar as denúncias feitas pelo governador Ivo Cassol (PSDB) contra um grupo de dez deputados estaduais, acusados de negociar propina em troca de apoio político no Legislativo. A divulgação de fitas de vídeo nas quais sete deputados estaduais, que diziam falar em nome de um grupo de dez parlamentares, aparecem pedindo propina ao governador gerou uma série de protestos e abriu uma crise entre o Executivo e o Legislativo no Estado.

Nas gravações, exibidas do domingo pelo Fantástico, da Rede Globo, os deputados parecem negociar o pagamento de R$ 50 mil por mês para cada um do grupo em troca de apoio político para aprovar projetos no Legislativo.

Cassol afirma ter sido o autor das filmagens, feitas em seu escritório. O secretário de Comunicação do governo de Rondônia, Sérgio Pires, disse que as gravações foram feitas ''no final de 2003''. Não soube, entretanto, precisar as datas e não quis explicar por que o material não foi divulgado antes.

Em diferentes conversas, aparecem negociando propina os deputados Ellen Ruth (PP), Ronilton Capixaba (PL), Daniel Nery (PMDB), Emílio Paulista (PPS), Kaká Mendonça (PTB), João da Muleta (PMDB) e Amarildo de Almeida (PDT).

- Ninguém está comprando ninguém. Dentro do Orçamento do Estado você está levando o seu como executor. Porque isso é de praxe. Você não vai consertar o mundo, nós não vamos. Não adianta dizermos para eles [deputados]que isso não acontece na sua administração, porque eles não vão acreditar - diz Ruth na gravação.

Na seqüência, o deputado Ronilton Capixaba oferece votos em troca do dinheiro:

- Nós vamos pegar (o dinheiro) e sentar lá (na Assembléia) e dizer sim, sim, sim. Aí vamos para o sítio, para o Rio de Janeiro, para onde houver sol - diz Ronilton Capixaba.

Os deputados sugerem ao governador o superfaturamento do contrato com uma empresa responsável pelos postos de vigilância. Em outro trecho, o deputado Amarildo de Almeida pede a dispensa de licitação para favorecer uma empresa.

Os vídeos também contêm denúncias de corrupção contra o ex-governadores do Estado, o atual senador Valdir Raupp (PMDB), e o atual prefeito de Ji-Paraná, José Bianco de Abreu. Ambos não comentaram as denúncias.

Folhapress