Título: Culinária também dá impulso para terapia
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 17/05/2005, Brasília, p. D4

Até o dia 20, a Associação Psiquiátrica de Brasília e a Secretária de Saúde promoverão vários eventos relacionados à saúde mental com o objetivo de desmistificar e orientar a população com relação aos transtornos mentais. O promotor de Justiça da Saúde, Pedro Thomé de Arruda Neto, afirma que o preconceito dificulta a reabilitação psico-social dos pacientes. Hoje o Hospital São Vicente de Paulo comemora seus 29 anos de funcionamento com a inauguração do projeto ''Cantina Terapêutica'', no qual os pacientes terão a oportunidade de aprender culinária como forma de terapia. A festa terá atividades culturais e de lazer com teatro, música e dança.

Pedro Thomé alerta que qualquer pessoa pode ser acometida por transtornos mentais. As doenças tem graus diferentes e podem ser desde uma depressão pós-traumática até uma psicopatia grave.

- É claro que dentro esse grupo existem pessoas violentas, mas não é justo que casos mais brandos sejam tratados da mesma maneira - afirma o promotor, que luta pelo combate à internação manicomial.

Segundo ele, a cultura popular é de que as pessoas que apresentam transtornos mentais sejam internadas, mas isso preciso ser mudado. Nos hospícios a mistura entre os pacientes agrava a situação dos casos mais brandos. Apesar de existirem casos em que a pessoa nasce com a doença, ela pode se desenvolver ao longo dos anos. Qualquer pessoa pode apresentar problemas mentais e o manicomio nem sempre é uma boa opção para o tratamento.

A Promotoria de Saúde está preocupada com a humanização do atendimento. O Ministério da Saúde já liberou verba para a implantação das Residências Terapêuticas, mas a determinação ainda não foi cumprida.

- Porque oprimir essas pessoas? Essa questão é um problema ideológico. O DF até hoje não implementou a reforma psiquiátrica prevista em 2001 - diz Pedro Thomé. (SC)