Título: Pressão contra Genoino
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 13/05/2005, País, p. A2
Num momento em que as posições do PT vêm sendo questionada até pelo presidente Lula, as tendências da esquerda do partido se unem. Fecharam um pacto de não-agressão, com o objetivo de forçar o presidente do partido, José Genoino, a disputar um 2º turno na eleição interna marcada para setembro. O acordo foi fechado, no início da semana, em reunião em São Paulo com representantes dos três candidatos ''radicais'' à vaga de Genoino: o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont (Democracia Socialista), o 3º vice-presidente do PT, Valter Pomar (Articulação de Esquerda) e o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio (Ação Popular Socialista).
Nos debates e eventos de campanha, Genoino será o alvo. Expor diferenças entre os radicais não está proibido, mas será evitado ao máximo. A esquerda chegou a cogitar o lançamento de candidato único, para reforçar as críticas à ortodoxia econômica e às alianças à direita, mas questões regionais e diferenças políticas entre as tendências impediram esse tentativa. Também chegou-se à conclusão de que seria mais interessante ter três candidatos atacando Genoino que só um. O pacto de não-agressão, sinalizando para aliança em eventual segundo turno, veio como consequência.
Apesar da insatisfação do Planalto com a resistência do PT em ceder espaço aos partidos da bancada, a esquerda petista não tem ilusões quanto a vencer Genoino.
- A máquina do partido está muito enraizada nas mãos do grupo majoritário - afirma Ivan Valente, coordenador da campanha de Plínio.
Os ''radicais'' acreditam, entretanto, que podem forçar um inédito segundo turno, o que seria considerado uma vitória. O documento da Articulação deixa isso claro: ''Trabalhamos para reduzir o peso dos moderados para menos que 50%, o que impede a maioria presumida''. Na eleição passada, em 2001, Campo Majoritário obteve 55% dos votos.