Título: É tempo de se perder nos livros
Autor: Vivian Rangel
Fonte: Jornal do Brasil, 13/05/2005, Rio, p. A17

12ª Bienal é aberta ao público no Riocentro; escritores contam suas experiências

Os corredores do Riocentro estavam pouco movimentados, mas os concorridos eventos do primeiro dia da 12º Bienal do Livro deixaram claro que o público precisará de fôlego - e sapatos confortáveis - para transitar pelas atrações culturais da feira. Na cerimônia de abertura, o escritor Tom Wolfe convocou a nova geração a voltar os olhos à ficção criada a partir da observação da realidade. Nos estandes das editoras, lançamentos, autógrafos e livros fora de catálogo - que custam o mesmo que uma cerveja.

Tom Wolfe adentrou o Auditório Fernando Sabino para criticar a cobertura da mídia, interessada apenas nas celebridades. Ele convocou os escritores a buscar um renascimento do realismo na ficção. Segundo ele, os escritores não podem se abater com a sensação de que a imaginação está ameaçada pelas notícias dos jornais.

- Existe todo um mundo de consumismo e mudanças morais a ser observado e registrado - disse ele.

No Café Literário, Ivo Pitanguy falou sobre a infância passada em Belo Horizonte em companhia de Fernando Sabino. Ao projetar fotos dos meninos que foram escoteiros e parceiros nas competições de natação, o médico recortou textos da obra do escritor.

- Nós discutíamos literatura, pois naquela época não havia muito o que fazer.

Entre os escritores que vieram ao Rio destacou-se a simpatia do australiano, criado no México e atualmente morando na Irlanda, Peter Finlay. O escritor iniciante ganhou o Booker Prize pelo livro Vernon God Little, uma paródia da cultura americana. Ele atacou a americanização do mundo, admitiu uma fixação por capivaras e revelou estar ansioso para conhecer o Brasil:

- Quero ir a um centro de macumba me purificar. Não tenho passagem de volta.

Lolita Pille fechou a programação da noite falando sobre seus livros Hell e Buble Gum, que causaram furor ao revelar detalhes sórdidos da alta sociedade francesa. Ela contou que escreve desde os seis anos e anunciou os próximos passos de sua carreira:

- Estou escrevendo um livro de ficção científica e Hell vai virar filme, com roteiro meu.

De manhã, a governadora Rosinha Matheus, o principal idealizador da Bienal, Paulo Rocco, e o embaixador da França no Brasil, Jean De Gliniasty, estiveram reunidos na abertura oficial da feira literária, que aconteceu no Auditório Fernando Sabino, no Riocentro. A bienal deste ano homenageia a França.