Título: O caminho único da política de Meirelles
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Fonte: Jornal do Brasil, 13/05/2005, Economia & Negócios / Informe econômico, p. A20
''Ministro, ministro'', chamavam os jornalistas na saída do Fórum Nacional, buscando uma última pergunta antes que Henrique Meirelles deixasse, apressado, o 20º andar da sede do BNDES. Este foi o retrato da participação do presidente do Banco Central no tradicional evento, que em sua 17ª edição reuniu uma dúzia de ministros, políticos e economistas das mais diversas escolas. A alusão ao novo status, que lhe permite foro privilegiado para responder a denúncias de evasão fiscal e crime eleitoral, permeou a rápida entrevista, em que a política monetária acabou em segundo plano, atropelada pelo sinal verde do Supremo Tribunal Federal às investigações. Em seu discurso de encerramento do Fórum, Meirelles elaborou raciocínio tortuoso, colocando todos os críticos da política monetária num único saco, classificando seus argumentos como ''mutuamente excludentes''.
- Muitos brasileiros gostariam de ver taxas de juros mais baixas. Esse desejo é legítimo e compartilhado por todos do governo e também no Banco Central. Mas não parece razoável que um anseio legítimo, respaldado por uma infinidade de argumentos contraditórios entre si, produza a equivocada avaliação de que a luta do BC contra a inflação deva ser abrandada - afirmou Meirelles, mais magro, pálido e sem o sorriso característico.
As críticas são inerentes ao cargo, em todo o mundo. Mas Meirelles faria melhor se não tentasse desqualificar todas. Sua insistência na eficácia da atual política pode, cedo ou tarde, ser desmentida pelos números da economia.