Título: Na primeira sexta-feira, 13, do ano não faltam superstições
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 13/05/2005, Brasília, p. D8

Uns acreditam no azar, outros não e há até quem aposta na sorte, mas a data fatídica incorporou-se ao folclore ocidental

Cuidado! Ver gato preto, passar debaixo de escada e quebrar espelho pode ser hoje um sinal de azar. Pelo menos para os supersticiosos. Pois estaremos em uma sexta-feira 13, a primeira de 2005. Vale lembrar que, para alguns, hoje é dia de sorte. Outros nem querem ouvir falar para não atraírem azar. Mas, ao menos aparentemente, a maioria das pessoas considera a data um dia normal e leva a uruca na brincadeira. Nascido em uma sexta-feira 13, dia 13 de novembro de 1987, o estudante Pedro Borges diz que não leva a sério a data e se impressiona com a crença da população. Para ele, o 13 é até um número de sorte.

- Sempre que é sexta-feira 13 as pessoas ficam eufóricas e fazendo brincadeiras para assustar os outros. Eu acho bobeira essas coisas de bruxas, fantasmas e azar. A única coisa interessante dessa superstição é lembrar a mitologia - diz o estudante.

Mas há quem acredite.

- Sexta-feira 13 é sempre um dia cercado de uma aura mística, de mistério. Quem tem sensibilidade forte, como eu, sente as vibrações negativas - diz a advogada Luana Melo, 26 anos.

Para a psicóloga Natália Lima, 36 anos, a sexta-feira 13 é o dia em que tudo o que povoa a imaginação dos supersticiosos ganha força. Ela explica que superstição faz parte do folclore, está em cada cultura.

- A superstição é um sentimento infundado, ou vão, que se tira de acidentes e circunstâncias meramente fortuitas, sem relação alguma com outros acontecimentos. Cada cultura cria seu imaginário - ensina Natália.

O número treze, em muitos lugares do mundo, em especial no Ocidente, representa a símbolo de mau agouro. Na Europa, por exemplo, grande parte dos hotéis não possuem 13º andar.

Lendas - Na Bíblia, o Novo Testamento conta que Jesus Cristo, na Última Ceia, sentou-se à mesa com os apóstolos, que ao todo, incluindo Jesus, eram 13. Muitas pessoas consideram Judas o 13º apóstolo, quem entregou Jesus e o levou à morte na Sexta-feira da Paixão. Por causa desse episódio bíblico, a sexta-feira 13 passou a ser lembrada como um dia fatídico, ligado à morte.

ap3Outra lenda é que na Escandinávia existia uma deusa do amor e da beleza chamada Friga, cujo nome deu origem a friadagr, a sexta-feira. Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga em uma bruxa, exilada no alto de uma montanha. Para vingar-se, ela teria passado a reunir-se todas as sextas com outras onze bruxas e mais o demônio, totalizando treze, para rogar pragas contra os humanos.

Já para a mitologia germânica, no Valhala, a morada dos deuses, houve um banquete para o qual foram convidados doze divindades. Loki, o espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga em que morreu o favorito dos deuses. Este episódio serviu para consolidar o relato bíblico da Última Ceia, onde havia treze à mesa, às vésperas da morte de Cristo.