Título: Howard abdica de liderança entre conservadores
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/05/2005, Internacional, p. A7

Por não ter conseguido impedir uma vitória do Partido Trabalhista nas eleições britânicas, o líder do Partido Conservador, Michael Howard, afirmou que renunciará ao cargo ''antes cedo do que tarde''. A decisão abre um período de incerteza na agremiação que, por enquanto, não tem um candidato claro à sucessão.

No entanto, Howard não fixou data para sua retirada, disse apenas que permanecerá à frente do partido até que sejam revisadas as normas para a eleição de alguém mais jovem.

Desde a demissão de Margaret Thatcher - que não conseguiu terminar seu terceiro mandato em 1990 e foi substituída pelo fraco John Major, que perdeu, por sua vez, as eleições em 1997 precisamente para o trabalhista Tony Blair - o Partido Conservador ''queima'' rapidamente seus líderes.

- Tenho 63 anos. Nas próximas eleições (dentro de quatro ou cinco anos) terei 68 anos e acho que serei muito velho para levar um partido ao governo - justificou. - Portanto, se não posso lutar como líder nas próximas eleições, acho que é melhor renunciar mais cedo do que tarde, para que o partido possa escolher alguém que possa fazê-lo.

Howard disse tentar evitar a incerteza de um debate prolongado, permitindo que o próximo líder conservador disponha de mais tempo do que os 17 meses que teve para preparar o partido para o governo.

Apesar de o resultado das eleições ter sido melhor do que os conservadores esperavam, Howard foi atacado inclusive dentro do partido, devido ao conteúdo e ao estilo de sua campanha eleitoral, que não apresentou uma alternativa econômica clara ao programa trabalhista. Em vez disso, adotou um discurso populista contra a imigração, que tinha funcionado na Austrália, mas que não serviu para os britânicos.