Título: Nova ameaça de Pyongyang
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/05/2005, Internacional, p. A7

Coréia do Norte estaria preparando teste nuclear

WASHINGTON - O governo americano tem em seu poder fotografias feitas por um satélite que parecem indicar que a Coréia do Norte começou a construir uma base panóptica e um túnel, o que significaria que está se preparando para realizar um teste nuclear. A informação foi publicada ontem no jornal The New York Times, que cita funcionários americanos e estrangeiros que teriam tido acesso às imagens.

A Coréia do Norte, lembra o Times, nunca realizou um teste nuclear.

Apesar da gravidade da situação, autoridades afirmaram ao jornal que é difícil adivinhar as intenções do presidente norte-coreano Kim Jong Il. Segundo eles, é possível que o governante simplesmente tenha decidido iniciar um espetáculo para os satélites espiões dos Estados Unidos.

Kim Jong Il poderia estar tentando pressionar o presidente americano, George Bush, para que melhore seu pacote de incentivos econômicos e diplomáticos para a Coréia do Norte, em troca do país asiático reduzir suas atividades nucleares.

Mesmo assim, o Times afirma que os responsáveis americanos estão ''suficientemente alarmados'', a ponto de terem decidido manter reuniões com representantes do Japão e da Coréia do Sul. Aos sul-coreanos, pediram inclusive que se preparem para as repercussões políticas do possível teste.

Bush e o presidente chinês, Hu Jintao, mantiveram na quinta-feira uma longa conversa telefônica sobre a Coréia do Norte. Hu foi o principal interlocutor de Bush frente ao governo norte-coreano. Os dois líderes manifestaram preocupação com o programa nuclear da Coréia do Norte e insistiram no reatamento das ''negociações a seis'', para que a crise seja solucionada.

As negociações a seis lados entre EUA, Coréia do Norte, Japão, Coréia do Sul, Rússia e China, foram interrompidas no ano passado.

Durante a conversa da quinta-feira, Bush e Hu ''reiteraram seu compromisso de trabalhar conjuntamente para uma península (coreana) livre de armas nucleares'', afirmou o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan.

O discurso oficial em Washington é o de que um teste nuclear de Pyongyang seria ''um novo ato de provocação''.

- Se a Coréia do Norte der esse passo, ele constituirá um ato de provocação que a isolará ainda mais na comunidade internacional - advertiu McClellan.

A tensão entre EUA e Coréia do Norte se acentuou no fim de semana passado, por causa do lançamento de um míssil de curto alcance no mar do Japão pela Coréia do Norte.

A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) pediu ontem a líderes mundiais que exerçam pressão sobre Pyongyang.

- Acho que um teste levará as coisas de mal a pior. Não tenho certeza de que a Coréia do Norte vá ganhar algo levando esta situação adiante, continuando a realizar chantagem nuclear - ressaltou o chefe da Aiea, Mohamed ElBaradei.