Título: A união faz a força
Autor: Angélica Moreira da Silva*
Fonte: Jornal do Brasil, 07/05/2005, Economia & Negócios / Além do fato, p. A18

Ao fim do século XIX, os imigrantes europeus deram origem ao sindicalismo brasileiro que nasceu influenciado pelas idéias socialistas e anarquistas. As reivindicações mais comuns eram por melhores salários, diminuição da jornada de trabalho, limitação do trabalho infantil e feminino, pagamento de férias e garantia da aposentadoria. O período da República Velha foi um momento conturbado na história sindical, pois as greves eram reprimidas de forma enérgica. A partir da Revolução de 1930, Getúlio Vargas transformou o proletariado urbano em sua sustentação política, consolidando o movimento, ao mesmo tempo em que o controlava através da Justiça do Trabalho (1939) e da CLT, inspirada no fascismo oriundo da Itália.

No Regime Militar houve intervenção direta nas organizações sindicais, dirigentes foram cassados e o direito de greve extinto. Entre 1978 e 1980 os metalúrgicos do ABC paulista promoveram inúmeras assembléias e greves que, mesmo reprimidas, marcaram o ressurgimento do sindicalismo, juntamente com o fim do ciclo de autoritarismo.

O sindicalismo é um fenômeno multifacetado, com dimensões sociais, políticas, econômicas e jurídicas. Talvez uma das invenções mais criativas da sociedade visto que, por um lado, permite a distribuição de renda de forma negociada dentro de um regime capitalista e, por outro, reconhece a existência do conflito, buscando uma conciliação civilizada, mediante regras e procedimentos que criam eqüidade entre patrões e empregados.

O movimento sindical é sempre precursor de mudanças e progresso. A garantia do desenvolvimento é a integração e acordo entre as classes e isto só é garantido através da existência de representantes de ambos os lados. Neste momento, em que estamos diante de uma Reforma Sindical, é que constatamos que os desafios ainda são enormes.

Com a globalização da economia precisamos integrar o país no cenário internacional e adequar a nova realidade do comércio, das finanças, dos investimentos e da tecnologia, que substitui postos de trabalho. Paralelo a esta realidade, é necessário enfrentar alguns problemas locais, como a economia informal e o subemprego.

A população brasileira está a cada dia mais preparada para o debate e buscando impor seus pontos de vista a partir do diálogo e entendimento. Além da convivência com essa nova realidade, existem outros pontos cruciais como a necessidade de representação de trabalhadores informais, ameaças nas fontes de custeio e sustentação financeira das entidades.

O novo movimento sindical deve avançar com a cidadania, buscando entendimento entre as partes e principalmente garantindo o futuro e o progresso sócio-econômico do Brasil.

*Angélica Moreira da Silva é superintendente do Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro, que completou 70 anos de fundação no dia 30 de março de 2005