Título: IBGE aponta reação na indú
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/05/2005, Economia & Negócios, p. A19

Após dois meses de retração, produção avança 1,5%, mas desempenho trimestral mostra desaceleração

A produção industrial registrou alta de 1,5% em março na comparação com fevereiro, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado interrompe uma seqüência de dois meses de produção retraída. Em fevereiro, a indústria recuou 1,3% e em janeiro, 0,4%.

Em fevereiro, o IBGE havia identificado um cenário de ''clara desaceleração'' na indústria brasileira com o avanço de apenas uma categoria, a de bens de consumo duráveis, amparada pela produção de automóveis, TVs e celulares.

Em março, o cenário foi diferente. Das quatro categorias de uso, duas apresentaram crescimento: bens de capital (máquinas e equipamentos), de 5,4%, e bens intermediários, de 0,1%. Já os bens duráveis tiveram queda de 0,7% e os de consumo semiduráveis e não-duráveis caíram 0,2%.

O setor de bens de capital começou a se recuperar depois de duas quedas consecutivas, quando acumulou perda de 4,8%. Os bens intermediários não conseguiram ainda reverter o resultado negativo acumulado nos dois meses anteriores, de 2,7%.

No acumulado do primeiro trimestre, o crescimento foi de 3,9% em relação aos três primeiros meses de 2004. Mas o indicador é inferior ao verificado nos últimos trimestres. Entre abril e junho de 2004, chegou a 10% no confronto com igual período de 2003.

Segundo o chefe da Coordenação da Indústria, Silvio Sales, o desempenho positivo dos bens de consumo duráveis pode ser atribuído, em parte, pelo desempenho das exportações. Isto porque automóveis, TVs e celulares continuam a liderar a produção.

De 23 ramos, oito apresentaram queda entre fevereiro e março. Entre os resultados positivos, destacam-se a farmacêutica (13,1%), máquinas e equipamentos (4%), celulose e papel (4%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (3,6%). Os principais impactos negativos vieram de refino de petróleo e produção de álcool (-2,4%) e metalurgia (-2,6%).

Mesmo com o resultado positivo em março, o IBGE avalia que a indústria, apesar de se manter em crescimento há seis semestres, teve o ritmo de expansão desacelerado. Segundo Sales, o efeito da taxa básica de juros - que avançou de 16% para 19,5% ao ano entre setembro e abril - contribui para a perspectiva de menor crescimento da indústria.

- O efeito dos juros provoca um aperto monetário na economia, procura reduzir a pressão inflacionária atuando no nível de atividade. A desaceleração aparece de forma mais nítida nos setores de bens intermediários e bens de capital. O primeiro pode ter sofrido efeito de ajuste de estoque e o segundo de desaceleração de investimentos - disse.