Título: Briga de distritais derruba secretário
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 07/05/2005, Brasília, p. D1
José Geraldo Maciel pede demissão após deputados ligados a ele se unirem à oposição para derrubar projeto do GDF
Uma nova crise política na base governista protagonizada por distritais do PFL, Prona e PP, está aberta. Depois de se oporem ao projeto do Executivo que autorizaria o BRB a investir R$ 20 milhões no consórcio de Corumbá 4, determinando a derrota da proposta em plenário na quinta-feira, o grupo dos seis dissidentes assistiu ontem ao pedido de demissão do secretário de Saúde, José Geraldo Maciel. Ele havia sido indicado pelos próprios distritais para ocupar o cargo, e sentiu-se ''desconfortável'' com a ajuda dos deputados à derrota do GDF. Amigo pessoal do governador Joaquim Roriz, Maciel fica no cargo até que um novo nome seja indicado.
Em seqüência, o administrador do Gama, Cícero Furtado, também pediu demissão. É esperado ainda o afastamento do administrador Everardo Ribeiro, do Paranoá. Os dois foram indicados pelo grupo, e mantêm antigas relações políticas com o governador.
A queda de braços entre governo e o chamado bloco Pró-Brasília - composto pelos deputados Leonardo Prudente, Eliana Pedrosa e Fábio Barcellos do PFL, Wilson Lima e José Edmar (Prona) e Júnior Brunelli, do PP - começou no final do ano passado, quando o PMDB perdeu a presidência da Casa para uma composição dos seis governistas com a oposição. A indicação para a Saúde fez parte das negociações para reaproximar a base. Maciel foi escolhido por Roriz em uma lista tríplice, apresentada pelos parlamentares. Nos últimos dias, porém, eles tentavam negociar com o governador a substituição de quase 280 cargos na pasta.
Para pessoas próximas a Roriz, o pedido de demissão de Maciel foi um basta aos insistentes pedidos do grupo, cujo posicionamento surpreendeu - e desagradou - o Palácio do Buriti. E foi um contra-ataque do governo aos distritais, que ameaçaram devolver a pasta.
Os deputados garantem que a líder do governo, Anilcéia Machado (PMDB) sabia que eles votariam contra o projeto.
- Havia impossibilidade de gestão na secretaria com o mesmo grupo de Bernardino. Maciel não estava se sentindo bem, havia descontentamento - afirmou José Edmar.
Apesar da carta de demissão, na tarde de ontem Wilson Lima não acreditava na saída de Maciel. ''Roriz gosta de gente competente'', afirmou. Em viagem à Belo Horizonte, o senador Paulo Octávio, presidente do PFL-DF, afirmou não ter sido informado sobre a votação do projeto do BRB.
- Nem eles (deputados) nem o governo me consultaram. Sem acordo, eu iria sugerir que adiassem a votação - disse o senador.
Maciel está cotado para assumir um novo cargo no governo, que ainda não foi definido. Em nota à imprensa, ele ressaltou que telefonou para os deputados dizendo que entregaria o cargo para o governador. ''Tive essa postura de ligar antes para os deputados e depois fui ao governador e entreguei realmente o cargo''.