Título: Conselho: aliado de Alckmin é rejeitado
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 19/05/2005, País, p. A6

O nome do ex-secretário de Justiça e Defesa da Cidadania e ex-presidente da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) de São Paulo, Alexandre de Moraes, foi rejeitado na tarde de ontem no plenário do Senado para integrar o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), órgão responsável pelo controle externo do Poder. Para sua aprovação, eram necessários 41 votos. Dezesseis senadores votaram a favor e 41, contra. O Senado contabilizou ainda duas abstenções.

Aprovado no último dia 5 na Câmara, no lugar do candidato indicado pelo governo, Sérgio Renault - da Secretaria da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça - o ex-secretário do governo Geraldo Alckimin (PSDB-SP) foi substituído nos cargos estaduais no início desta semana.

A rejeição de seu nome para integrar foi classificado pelo senador Demóstenes Torres (PFL-GO) como ''uma das maiores molecagens do Senado''.

Apesar de a base governista negar que tenha articulado a derrota, as votações mostraram que o governo manobrou para derrotar Moraes, numa espécie de revanche às derrotas na indicação de Luiz Salomão e José Fantini - ambos indicados pelo governo Lula - para a ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Salomão foi derrotado no plenário e Fantini ainda na votação em comissão, graças ao PMDB, unido à oposição.

- Espero que essa experiência sirva para as próximas decisões - disse o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).

Os líderes ainda vão decidir se é possível refazer a votação de Moraes, embora a manobra não seja prevista no regimento.

A indicação de Moraes pela Câmara havia entrado no pacote das recentes derrotas políticas do governo. Na ocasião, os líderes haviam fechado um acordo para que Renault fosse aprovado para o CNJ. Em contrapartida, os deputados da base apoiariam a indicação de Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque -apadrinhado do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE)- para o Conselho Nacional do Ministério Público.

No fim da contagem, no entanto, verificou-se que a primeira parte do acordo foi descumprida e Moraes recebeu 183 votos contra 154 de Renault. Albuquerque, pai de um assessor de Severino, recebeu 294 votos e foi eleito para o Conselho do Ministério Público, com folga.

Na tarde de ontem, a 28ª rebelião deste ano na Febem, da qual participaram 267 adolescentes, terminou com um interno baleado, um funcionário espancado e uma unidade incendiada. Um grupo de internos armados com um revólver calibre 38 tentou fugir partindo para cima dos agentes de segurança. Na confusão, vários tiros foram disparados contra os agentes e uma das balas acabou atingindo um adolescente. O motim se alastrou para a unidade 38, onde outros 150 internos também se rebelaram.