Título: Medida Salvadora
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 19/05/2005, Brasília / Opinião, p. D2

O governador Joaquim Roriz mostrou sensibilidade política e respeito pela qualidade de vida em Brasília, ao anunciar providências para impedir que se transformassem em novos bunkers as áreas verdes da 208 Sul e da 211 Sul. Originariamente destinados a uma idéia há muito ultrapassada, a construção de Restaurantes de Unidades de Vizinhança, os terrenos já estavam cercados e árvores foram derrubados. A mobilização dos moradores conseguiu barrar a ofensiva das contrutoras que se tornaram titulares dessas áreas e engajar o Governo do Distrito Federal nesse processo. Mais do que determinar a suspensão do processo destrutivo, Roriz encontrou uma fórmula engenhosa para salvar as áreas verdes. O Governo do Distrito Federal respeitará os direitos das empresas - até por não poder violar contratos - e comprará seus lotes. O valor não será pago em dinheiro, mas sob a forma de crédito para participarem de licitações. Como diz nota oficial do governador, ''as empresas adquiriram os terrenos em 1994 e não podem ficar no prejuízo''. Faz sentido.

É evidente que se tentará fazer manobras. Já se registram esforços para supervalorizar os lotes, de forma a obter, na negociação com o GDF, valores muito superiores às avaliações feitas. No cálculo não se deve levar em conta apenas o preço de mercado, mas as condições de aquisição e de real utilização das áreas. Afinal, o que se está procurando fazer não é especulação imobiliária e sim uma operação de resgate da qualidade de vida do brasiliense.

O que se espera agora, além de barrar tentativas de se obter valores irreais pelos imóveis, é uma continuidade desse esforço. Existem mais 18 lotes destinados a RUVs na Asa Sul, dos dois lados do Eixão. Eles não devem ser utilizados para isso e precisam ser incluídos na operação de salvamento. A comunidade, mobilizada, e o governador acabam de prestar mais um serviço ao Distrito Federal.