Título: Decreto retira o Bope do patrulhamento de rua
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 19/05/2005, Brasília, p. D5

Batalhão agirá só em casos graves como seqüestro, invasão e ameaça de bomba

O Batalhão de Polícia Especializado da Policia Militar possui uma nova estrutura organizacional. O decreto 25.844, publicado ontem no Diário Oficial do DF, retirou o Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) da companhia. Além disso, o Bope será transformado em unidade independente preparada para ações complexas como resgate de reféns e desarmamento de bombas. Após duas ocorrências de agressão envolvendo policiais do Bope que faziam o patrulhamento ostensivo, o governador Joaquim Roriz solicitou à Polícia Militar estudos para retirar a companhia das ruas, pois uma equipe tão especializada não deveria ter o patrulhamento ostensivo como responsabilidade.

A partir de agora, o Bope atenderá apenas às ordens do comandante-geral da PM, Coronel Renato Azevedo, e será uma tropa aquartelada, ou seja, ficará recebendo treinamento intensivo no quartel até o momento de participar das operações. Foi revogado o decreto 20329/99, que transformou a Companhia de Choque da PM em Bope e que previa o policiamento ostensivo.

Na nova estrutura o Bope será dividido em quatro companhias, uma de policiamento de choque, outra de policiamento com cães, a terceira de operações especiais e a última de pronta intervenção, que não existia na estrutura anterior. A Companhia de Pronta Intervenção será responsável pelo deslocamento rápido para preceder e apoiar as unidades de choque.

- O deslocamento das unidades de choque é lento, pois os veículos são pesados. A nova companhia será importante no planejamento estratégico de operações como seqüestros, ameaças de invasão e bombas - afirma o comandante-geral da PM, coronel Renato Azevedo.

Segundo o coronel, a expectativa é de que, com a criação de uma unidade independente, o Bope ganhe uma centro de treinamento e se equipe melhor. Nas operações especiais e no emprego de cães o Batalhão já é referência internacional.

As denúncias de agressão envolvendo policiais do Bope e que motivaram a reestruturação continuam sendo investigadas pela PM. Cinco policiais estão afastados das operações enquanto não há conclusão de dois inquéritos.

O caso mais grave aconteceu no último Reveillon. Um sargento e quatro soldados foram flagrados agredindo cinco jovens próximo à Torre de TV. Ainda em janeiro, o coronel Azevedo montou uma comissão para elaborar as novas atribuições do batalhão. Neste intervalo, todos os 580 integrantes do Bope foram obrigados a fazer um curso de direitos humanos com a Cruz Vermelha.

A reestruturação não altera o número de policiais do Bope, mas o comando da PM estudará o orçamento para o centro de treinamento e a compra de armas e equipamentos.