Título: A guerra da Vale em novo capítulo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 18/05/2005, Economia & Negócios, p. A18

A banca de defesa da Vale do Rio Doce no processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que avaliará a acusação contra a empresa de concentração de mercado no setor de mineração conta com um integrante que já esteve do outro lado do balcão na estrutura do governo de defesa da concorrência. Bolívar Moura Rocha, do escritório Levy e Salomão, foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Foi sucedido por Claudio Considera, que declarou ao Informe Econômico, no último domingo, acreditar que a Vale sofrerá restrições de atuação em função da aquisição de inúmeras mineradoras nos últimos anos. Rocha discorda da opinião do sucessor. - A Secretaria de Direito Econômico (SDE) recomenda, de fato, a venda de ativos, mas essa não é a determinação do Seae, que sugeriu a celebração de contratos mais longos com as mineradoras, para lhes assegurar suprimento confiável, o que a Vale vem fazendo - diz Rocha.

Ele afirmou que a Vale foi absolvida pelo Cade no julgamento pela acusação de práticas monopolistas na ferrovia Vitória-Minas feita pelas mineradoras, que, de acordo com Considera, demorou tanto que ''levou a Vale à curiosa condição de ser processada por ela mesma''. Rocha comentou, ainda, que a Vale, de fato, rejeita a recomendação da SDE de venda de ativos por acreditar que beneficiaria os concorrentes internacionais.

- Mais do que isso, no entanto, a Vale acredita que a venda resultaria prejuízo para clientes domésticos, no caso as siderúrgicas.

Prevista para esta semana, a audiência no Cade ficará para junho. Mais tempo para preparo da artilharia de ambos os lados.