Título: Filiação pode unir PP a Paulo Octávio
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 18/05/2005, Brasília, p. D3

Transferência do senador Valmir Amaral ameaça escantear ex-vice, em um esforço para criar terceira via na sucessão do DF

A expectativa de mudança no comando regional do PP promete esquentar o clima no partido. De malas prontas para deixar o PMDB, o senador Valmir Amaral garante que desembarca em no máximo 20 dias na nova sigla com a promessa do deputado federal Pedro Corrêa, presidente nacional do PP, de que assumirá a direção do partido no DF. O atual presidente do PP-DF, Benedito Domingos, sustenta que nada ainda está definido. Ele pretende marcar um encontro da Executiva Nacional na próxima terça-feira para discutir o assunto. De acordo com Amaral, Corrêa teria batido o martelo com relação a sua indicação à presidência durante uma reunião na noite da última quarta-feira, da qual participaram os deputados federais José Janene (PR) e Severino Cavalcanti (PE). Mas Benedito diz que o trato inicial era Valmir Amaral assumir a 1ª vice-presidência da sigla, com perspectivas de comandar o PP.

- Não se pode tomar uma medida de cúpula assim, é preciso uma conversa franca para não trazer dor de cabeça. É preciso trabalhar com harmonia, e não dissidência - afirma Benedito, que já havia se lançado pré-candidato ao GDF pela legenda.

Valmir Amaral, porém, encara a decisão como fato consumado.

- É um passo para a minha candidatura ao GDF. No PMDB, a nível local, eu não teria espaço - diz.

No entanto, apesar de afirmar que concorrerá ao Palácio do Buriti, há quem aposte que o senador tentará se reeleger - na vaga que ocupa desde junho de 2000, quando o titular Luiz Estevão foi cassado. Neste projeto político, a articulação teria o intuito de alinhar o PP com o PFL, alimentando uma possível chapa do senador Paulo Octávio. No segundo turno das eleições de 2002, Benedito apoiou o candidato do PT, Geraldo Magela. E há meses o pepista tem mantido contatos com os opositores do governador Joaquim Roriz, de quem Benedito foi vice no mandato entre 1999 e 2002. A aliança entre os dois empresários-senadores poderia favorecer ainda a campanha do grupo de distritais que apoiam o pefelista na Câmara Legislativa.

Correligionários de Benedito, principalmente a ala evangélica, questionam a intervenção na regional. O distrital Júnior Brunelli afirma que Amaral é bem-vindo, mas seria preciso ter um ''histórico de trabalho'' com as bases para presidir a legenda.

- Ele sequer passou pelas urnas. Se houver intervenção, vai entrar na presidência do PP como entrou no Senado, pelo tapetão - criticou o pastor.

O deputado João de Deus, que hoje retorna ao PP depois de passar três meses no PMDB, ressalta que há semanas o senador peemedebista tem falado em assumir a presidência da sigla. Ele também defende o diálogo entre Benedito e Amaral.