Título: Desafios são integração e investimento, diz diretor
Autor: Paula Porto e Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 18/05/2005, Brasília, p. D8

Se de um lado os artistas locais reivindicam mais espaços, os museus do Distrito Federal pedem mais investimentos para poderem operar de maneira satisfatória. À frente da Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico do Distrito Federal (Depha), Jarbas Silva Marques considera que o principal desafio dos museus do DF seja estabelecer uma comunicação eficiente entre si. Segundo ele, antes de oferecer um local adequado para exposições, é preciso implementar uma política de interação entre os diversos órgãos da cidade. Para isso, o Depha está investindo em cursos de capacitação e treinamento de funcionários. Jarbas acredita que seja o primeiro passo para desenvolver o turismo cívico e o interesse da população pelos museus do DF. A dinamização da pauta para artistas locais viria como conseqüência, com uma estrutura fortalecida pelo maior diálogo entre as instituições. Durante esta semana, como parte dos eventos pelo Dia Internacional de Museus, o Depha trouxe ao DF a museóloga Magali Cabral. Segundo Jarbas Marques, a iniciativa é fundamental para promover nova mentalidade em relação aos museus.

O curso de capacitação promovido pela museóloga, no entanto, é uma das poucas novidades oferecidas pelo Depha na Semana de Museus. O resto da programação traz o acervo fixo de várias instituições do Distrito Federal, como o Museu Vivo da Memória Candanga e o Museu da Cidade. Jarbas Marques admite que as políticas públicas para os museus do DF estão longe de serem satisfatórias, mas deposita as esperanças nos eventos que promovam maior diálogo entre as instituições:

- Vamos investir nos cursos de sensibilização para as pessoas que trabalham nos museus e para a sociedade em geral. Mas esse processo tem de partir também das escolas. Se os professores não forem nossos parceiros, fica difícil. O trabalho não pode ficar restrito ao pessoal funcional dos museus. Eles estão ali para receber o público e não para sensibilizá-lo. Caímos naquele velho aforismo de que um povo que não conhece seu passado não tem futuro - diz o diretor do Depha.

Segundo dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os investimentos na área museológica cresceram consideravelmente desde 2003. O ano marcou a criação da Política Nacional de Museus. Entre 2001 e 2004, o orçamento dobrou, tendo passado de R$ 20 milhões para R$ 40 milhões. A iniciativa tem como principal objetivo agregar as instituições e fazer com que a sociedade enxergue os museus de uma maneira estratégica. Essa é justamente a maior ambição do Depha para o DF, mas o diretor do órgão, Jarbas Marques, reclama que apenas uma pequena parcela dessa verba foi repassada para cá.

O diretor do Departamento de Museus e Centros Culturais do Iphan, José do Nascimento Júnior, afirma que a Política Nacional de Museus está atingindo o DF da maneira esperada. De acordo com ele, a maior parte da verba foi repassada às obras do Museu Nacional, na Esplanada. Quanto aos demais museus, ele afirma que é preciso apresentar projetos qualificados nos editais no Ministério da Cultura e de instituições parceiras, como a Petrobrás, o BNDES e a Caixa Econômica Federal. José do Nascimento Júnior defende que a preocupação principal do Depha deve ser a implementação de um sistema estadual de museus:

- O primeiro ponto é perceber a necessidade dos museus estarem mais próximos e trabalharem em conjunto - destaca o diretor.