Título: OAB prepara ato no Rio
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 19/10/2004, Rio, p. A-14
Presidente da Ordem dos Advogados anuncia campanha contra violência
A Ordem dos Advogados do Brasil vai lançar, no dia 15 de novembro, na sede da seccional fluminense, ''uma ampla campanha de combate à criminalidade no Rio de Janeiro'', segundo anunciou o presidente da entidade, Roberto Busato. A decisão foi tomada ontem, na sessão plenária mensal do Conselho Federal da OAB, após uma exposição feita pelo presidente da OAB-RJ, Octávio Gomes, que considerou a situação da cidade ''insustentável, de total desgoverno, refém da bandidagem''. Ainda de acordo com Octávio Gomes, a reportagem publicada na semana passada pelo jornal inglês The Independent - que classificou o Rio como ''a cidade da cocaína e da carnificina'' - exagerou no tom, ''mas retratou a realidade nua e crua da cidade''.
O ex-presidente da OAB, conselheiro Reginaldo de Castro, pediu também a palavra para dizer que existe atualmente no Rio ''uma verdadeira guerrilha urbana, enquanto a Polícia Militar se esconde nos quartéis com medo da violência''. O conselheiro federal por Alagoas, João Tenório Cavalcante, chegou a defender a decretação do estado de defesa no Rio de Janeiro, com base no artigo 136 da Constituição, a fim de ''preservar ou restabelecer a ordem pública''.
O presidente da OAB informou que serão convidados, para o lançamento da campanha, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Sarney (PMDB-AP), e os presidentes dos tribunais superiores. Também serão convidados a governadora do Estado do Rio, Rosinha Garotinho, e os presidentes do Tribunal de Justiça e da Assembléia Legislativa.
Fernando Peregrino, chefe de gabinete da governadora Rosinha Matheus, disse ontem à noite que a atitude da OAB ''não surpreende''. Na avaliação dele, a ''iniciativa não é nova e nem criativa''.
- Não podemos nos surpreender com a posição de quem foi a favor de uma matéria como a do The Independent, que manipulou dados e sequer ouviu o outro lado, prejudicando assim a economia e o turismo do Rio - disse Peregrino.