Título: Mortos podem chegar a mil
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Fonte: Jornal do Brasil, 20/05/2005, Internacional, p. A10

Cidade tomada por guerrilha foi liberta

KORASUV, Uzbequistão - Testemunhas informaram que forças de segurança retomaram o controle da cidade fronteiriça de Korasuv, controlada por guerrilheiros.

Soldados do Ministério do Interior chegaram à cidade, na fronteira com o Quirguistão às 4h (hora local), e encontraram pouca resistência, rapidamente tomando o controle de pontos-chave na área.

Moradores que cruzavam a ponte da fronteira disseram que os soldados caçam quem possa ter relação com os incidentes de 13 de maio em Andijan e com o posterior distúrbio em Korasuv.

Na sexta-feira, centenas de pessoas foram mortas pelas forças de segurança depois de manifestações contra o governo. Elas se colocaram à favor de guerrilheiros que invadiram uma prisão, libertaram detentos e depois tomaram conta da sede governamental de Andijan.

O governo diz que 169 pessoas morreram, a maioria insurgentes. Os civis teriam sido assassinados por eles.

Mas testemunhas afirmam que cerca de 500 pessoas, inclusive mulheres e crianças, foram mortas quando as forças de segurança abriram fogo contra rebeldes e manifestantes.

As ONGs de defesa dos direitos humanos sugerem números cada vez mais altos para as vítimas. Agora, pode chegar aos mil, em Andijan e Pajta-Abade.

A denúncia foi feita pela Federação Internacional de Helsinque (FHI) para os Direitos Humanos e pela Sociedade de Direitos Humanos do Uzbequistão, em texto divulgado em Viena e Tashkent.

As organizações disseram que o número de vítimas é calculado por observações de jornalistas independentes e organizações uzbeques de defesa dos direitos humanos.

As últimas estimativas mostram que entre 740 e 750 pessoas foram mortas em Andijan, em 13 de maio, e outras 200 em outro acontecimento, ocorrido na mesma cidade. Os ataques também resultaram em 2 mil feridos.

''As investidas das forças de segurança foram seguidas, em alguns casos, por execuções sumárias dos feridos e detenções arbitrárias. A região foi isolada, excluindo imprensa e funcionários como os do Comitê Internacional da Cruz Vermelha'', destaca o comunicado.

As organizações rejeitaram a ''tentativa'' do governo uzbeque de legitimar as ações pelo ataque ao terrorismo. O país foi considerado um freqüente violador dos direitos humanos. O documento pede também a presença de observadores da ONU para encontrar os responsáveis pelo massacre.