Título: PM aumenta reforço no Vidigal
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 19/10/2004, Rio, p. A-14

Comandante-geral faz visita à favela e nega invasão

Depois do fim de semana de conflitos entre traficantes, o policiamento foi reforçado ontem na Favela do Vidigal, em São Conrado. A favela está sendo patrulhada por 40 policiais do 23º BPM (Leblon), Batalhão de Choque (BP-Choque) e o Batalhão Florestal. Desde sábado, três pessoas morreram e outra ficou ferida em confrontos na comunidade. Mesmo com o aparato policial, o clima ainda era de tensão. Pela manhã, algumas lojas abriram e fecharam as portas por várias vezes. A polícia tem informações de que a briga pelo pedágio na cooperativa de mototáxis, que circula na favela, provocou os confrontos. No início da manhã, houve buscas na mata nos fundos da favela à procura de traficantes da Rocinha que teriam invadido o Vidigal. Na busca, os policiais encontraram cápsulas deflagradas.

Segundo o comandante-geral da PM, coronel Hudson Aguiar, não houve invasão de traficantes rivais no Vidigal, que é controlado pela facção criminosa Comando Vermelho. O comandante admite, entretanto, que bandidos da Rocinha ligados ao traficante Erismar Rodrigues, o Bem-te-vi, tentam tomar o controle do tráfico de drogas no Vidigal.

- A ação do fim de semana foi dirigida aos três homens mortos, que são ligados ao tráfico. Um grupo armado saiu da Rocinha para matar os adversários no Vidigal - disse.

Segundo o comandante, os traficantes da Rocinha teriam conseguido entrar no Vidigal, mesmo com a ocupação policial nos acessos e na mata.

- Eles (os traficantes) devem usar trilhas que a PM não conhece - explica o coronel.

Por cerca de 10 minutos, na manhã de ontem, o coronel Hudson de Aguiar esteve no Vidigal acompanhado do comandante do 23º BPM, tenente-coronel Renato Fialho. Na chegada, o comandante da PM foi cercado por moradores que reclamavam da ação da polícia na favela.

A polícia também investiga a hipótese das mortes estarem relacionadas com a cooperativa de mototaxistas, que circula no Vidigal. Entre os mortos, está o fiscal da cooperativa Jarbas da Silva Santos, 25 anos. Há informações que Jarbas teria sido executado por não aceitar pagar pedágio aos traficantes. Ontem, os mototaxistas contaram que circulavam com medo nas ruas da favela.

Para esclarecer o motivo das mortes, o delegado Vanderlei de Barros, da 15ª DP (Gávea), vai ouvir o depoimento de Alex Francisco da Silva, 26 anos, que foi ferido em dos braços e na mão durante o conflito. Alex é irmão de Antônio Francisco da Silva, que morreu durante o confronto no fim de semana. Alex e Antônio seriam irmãos de um traficante.