Título: Cresce o número de pequenos negócios
Autor: Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 20/05/2005, Economia & Negócios, p. A19

Houve mudanças significativas dentro do universo do trabalho informal brasileiro entre 1997 e 2003. Na primeira pesquisa, o IBGE verificou que 96% das pessoas envolvidas na informalidade se tratavam de trabalhadores por conta própria, enquanto os pequenos negócios - que empregam até cinco funcionários - tinham fatia de 4%. Em 2003, os percentuais mudaram para 89% e 11%, respectivamente.

Outro dado curioso revela que cerca de 95% das empresas informais não possuem sócios e 80% empregam apenas uma pessoa.

- Esse é um fenômeno de desestruturação do mercado de trabalho. Existem cerca de dois informais para cada emprego formal - ressalta Luis Carlos Barbosa, diretor técnico do Sebrae.

Maria Celeide Gonçalves, de 39 anos, tem uma barraca na Praia de Ipanema, onde vende bebidas. Antes de abrir seu próprio negócio, ela trabalhava numa empresa de produtos naturais, com carteira assinada. Foi demitida, mas lembra que já estava insatisfeita, porque o salário era muito baixo.

- Tenho barraca na praia há 14 anos. Obtive minha licença em 1996. Sempre tive quatro funcionários, mas as vendas não andam bem, pois a concorrência é grande - diz ela, que lucra R$ 1.500 por mês no verão.

De acordo com o IBGE, os principais entraves na avaliação dos empreendedores são a falta de clientes (31%) e a concorrência, apontada por 25% das pessoas.

Na avaliação de Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp, a baixa produção das pequenas empresas tornou ainda mais precário o regime dos trabalhadores. O número de empregados com vínculo por tempo indeterminado caiu de 72%, em 1997, para 61%, em 2003. Por outro lado, cresceram os profissionais por tempo determinado, de 10% para 12%, e as pessoas contratadas por tarefa, de 7% para 10%.

- O aumento do emprego por tempo determinado e por tarefa está ligado à incerteza da produção e ao ciclo de atividade das empresas. Como muitas empresas têm produção sazonal, a relação de trabalho fica instável - acrescenta Pochmann.

Quando o assunto é o futuro, aumentou a parcela dos ocupados que querem abandonar a atividade e procurar um emprego. Se em 1997 eles somavam 12%, em 2003 o índice subiu para 15,9%. Os que querem aumentar as atividades de seu negócio informal permaneceram na faixa dos 37%.

Cerca de 45% das empresas estão localizadas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os três Estados são responsáveis por 44% das pessoas ocupadas.

Colaborou Marina Ramalho