Título: Engarrafamento profissional
Autor: Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 20/05/2005, Economia & Negócios, p. A20

Cai o número de funcionários com carteira assinada e sobe o de não remunerados

Taxista há 16 anos, Paulo Cesar Chamarelli, de 37 anos, por gostar da profissão, optou por largar a faculdade de educação física para ganhar dinheiro fazendo corridas por até 12 horas diárias. Mas a cada ano ele percebe o aumento de motoristas de táxi nas ruas. Paulo Cesar acredita que o desemprego entre amigos com nível superior contribua para elevar o número de taxistas.

- O mercado inchou. Tenho vontade de voltar a estudar, mas como trabalho por conta própria e tenho dois filhos, fica muito difícil - diz.

Ele faz parte dos trabalhadores por conta própria que dão expediente fora do domicílio. Entre 1997 e 2003, o número de profissionais que trabalham em veículos passou de 9% para 11% do total de informais. Entre os camelôs - classificados como trabalhadores de via pública -, o índice permaneceu estável, em 15%.

Com relação às pessoas ocupadas no setor informal, o IBGE revela que diminuiu o índice de trabalhadores com carteira assinada, caindo de 7% para 6% entre 1997 e 2003. Os trabalhadores sem carteira assinada permaneceram estáveis, em 10%. Os empregados não-remunerados (que trabalham na maioria dos casos para profissionais autônomos) passaram de 4%, em 1997, para 5%, em 2003. O restante é de profissionais por conta própria (69%) e empregadores (10%).

- Os números ressaltam o quanto o Brasil perde com a falta de uma reforma trabalhista. A cada três ocupados, só um está protegido - lembra Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp.

Colaborou Marina Ramalho