Título: Cerveja incha investimento
Autor: Daniel Pereira e Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 20/05/2005, Economia & Negócios, p. A22
Operação com Ambev representa 50% dos ingressos
BRASÍLIA
A união entre a Ambev, dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica, e a belga Interbrew aumentou o saldo de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, que atingiu US$ 3,038 bilhões em abril. No mesmo período do ano passado, o valor chegou a US$ 381 milhões. Em relação a março, quando o saldo foi de US$ 1,402 bilhão, houve um aumento de 116,7%. No ano, esses investimentos somam US$ 6,527 bilhões, de acordo com o Banco Central.
O resultado do mês passado, no entanto, está inflado pelo processo de operação entre as duas cervejarias devido a troca de ações entre os minoritários das duas companhias, que somou US$ 1,4 bilhão.
O aumento dos investimentos é necessário para sustentar a retomada do crescimento econômico. Sem isso, o crescimento da demanda gerado pela expansão poderia superar a capacidade das empresas de ofertarem bens e serviços, resultando em aumento da inflação. O BC prevê que os investimentos estrangeiros no país cheguem a US$ 16 bilhões em 2005. No ano passado, o Brasil recebeu US$ 18,166 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, um crescimento de 79,1% sobre as cifras registradas em 2003 (US$ 10,144 bilhões).
A conta de transações correntes do Brasil registrou um superávit de US$ 757 milhões no mês passado. Entram nesta conta as principais transações do país com o exterior na área comercial e na contratação de serviços e transferência de renda. Mais uma vez, o superávit comercial, saldo positivo entre as exportações e importações, contribuiu para o bom desempenho das contas externas brasileiras, com um saldo positivo de US$ 3,876 bilhões em março. O superávit da balança comercial foi suficiente para cobrir o déficit da conta de serviços e rendas do país, que ficou deficitária no mês em US$ 3,377 bilhões. A conta de transações correntes ainda inclui as transferências unilaterais de brasileiros que moram no exterior, que no mês somaram US$ 258 milhões.
A dívida externa brasileira estimada para fevereiro é de US$ 203 bilhões, um aumento de US$ 1,4 bilhão em relação a dezembro último. Desse total, a maior parte se refere à dívida de médio e longo prazo, US$ 182 bilhões, uma redução de US$ 721 milhões. Já a dívida de curto prazo está em US$ 21 bilhões, um aumento de US$ 2,1 bilhões.