Título: Lula troca crise por viagem à Asia
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/05/2005, País, p. A4
Brasil busca novos mercados no Japão e Coréia do Sul
Folhapress
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocará, nos próximos cinco dias, o mal-estar instalado em Brasília por uma extensa pauta econômica na Ásia. Ele embarca às 8 horas de hoje e, durante uma semana, visitará Coréia do Sul e Japão em busca de novos mercados e de apoio político para a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU). Em sua comitiva, viajam 432 empresários brasileiros e nove ministros de Estado. O retorno ao Brasil ocorre no dia 29. Lula repetirá os roteiros de suas outras viagens internacionais, privilegiando um reforço nas relações comerciais e tentando obter apoio para uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
É possível que as turbulências políticas internas no Brasil atrapalhem um pouco a viagem de Lula. O presidente chegou a convidar 12 dos seus 36 ministros para integrarem a comitiva. Vários não poderão aceitar o convite.
Lula tem previsão de ficar em Seul, na Coréia, de 23 a 26. No dia 26 de manhã, segue para Tóquio, no Japão, onde permanecerá até 28 deste mês, dia em passará por Nagóia, onde se concentra uma das comunidades de brasileiros naquele país.
A agenda presidencial nesses dois países é recheada de encontros com empresários locais e seminários de caráter comercial. Muitos empresários brasileiros também se registraram para estar presentes nos eventos: 190 nas reuniões na Coréia e outros 242 no Japão.
Nos últimos dez anos, segundo dados da embaixada coreana em Brasília, os empresários daquele país acumularam 54 investimentos diretos no Brasil, num valor total de US$ 700 milhões. É pouco se comparado a outros países, mas há projetos que podem fazer ''esse valor chegar US$ 4 bilhões ou mais nos próximos dois anos'', segundo afirma o embaixador coreano, Kwang-dong Kim.
No Japão, a passagem de Lula terá um pouco mais de componente político, além do econômico-comercial. O primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, é um aliado dos planos brasileiros a respeito da ONU. O Japão também é candidato a uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Na área comercial, o presidente brasileiro fará o discurso de encerramento de uma reunião entre as duas maiores entidades empresariais dos dois países, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Keidanren (que inclui vários outros setores, inclusive o financeiro). Lula deve dar mais ênfase para facilitar os entendimentos no âmbito da iniciativa privada dos dois países. Há contratos privados da ordem de US$ 1,5 bilhão que devem ser anunciados.
Já na quinta-feira, Lula participa de uma reunião com o primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi. Na pauta do encontro, está a agenda bilateral e a reforma do Conselho de Segurança ONU. No dia seguinte, o presidente será recebido pelo imperador Akihito.